Nessa semana, o mercado sentiu os impactos do apetite ao risco dos investidores estrangeiros. Os sete dias foram marcados por diversas surpresas, dentre elas, as altas consecutivas e as máximas do Ibovespa.
Nesse sentido, o que o mercado pode esperar para a Bolsa brasileira na próxima semana? Entre os destaques está o tradicional Boletim Focus, divulgado às 8h25 na próxima segunda-feira (19). Como é de conhecimento geral, o documento, divulgado pelo BC (Banco Central), trará as projeções e análises sobre a atividade econômica brasileira.
A maior expectativa é para o Jackson Hole, o simpósio de política monetária do Fed (Federal Reserve), o Banco Central dos Estados Unidos. O encontro é uma das mais antigas conferências dos bancos centrais, reunindo economistas, acadêmicos e representantes do governo dos EUA, entre outros.
O evento acontece entre 22 e 24 de agosto, em Jackson Hole, uma vila em Wyoming, Estados Unidos.
O presidente do Fed, Jerome Powell, irá discursar no local na sexta-feira (23), o que chama a atenção de todo o mercado global. Isso porque os reguladores de política monetária da maior economia do mundo estão com um tom mais duro sobre as movimentações no país.
Além disso, investidores e analistas estarão atentos às pistas sobre a magnitude dos cortes de juros nos EUA.
“Hoje, as apostas são de 0,25, mas algumas estão em 0,50 na reunião de setembro. Ele deve comentar sobre os recentes indicadores de inflação, emprego e atividade”, disse ao BP Money André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
Antes do evento, as atenções podem se voltar para os dados econômicos de países divulgados na terça-feira (20), como a inflação na Zona do Euro e o balanço do Japão.
Como ficou o Ibovespa na semana encerrada no domingo (18)
Na semana, o investidor estrangeiro manteve seu “apetite” ao risco para a Bolsa brasileira. Analistas ouvidos pelo BP Money apontaram que o bom resultado no segundo trimestre de 2024 de empresas reforçaram o movimento.
Segundo Fernandes, as companhias “surpreenderam positivamente as projeções do mercado, e isso acabou atraindo esse fluxo, fazendo nossa bolsa fechar a semana com alta superior a 2% e testando topo histórico”.
Em relação ao dólar, é percebida uma “faixa de suporte” com preços entre R$ 5,45 e R$ 5,50. Além disso, esse “espaço” é onde há grandes posições de opções de dólar futuro.
“É possível que, enquanto não romper esse patamar, o dólar possa apresentar algum apetite comprador nesses níveis”, comentou o analista.
O dólar teve um desempenho moderado, com leves quedas no início da semana e sustentação de ganhos entre quarta-feira (15) e quinta-feira (16), mas fechou os cinco dias no vermelho. Na sexta-feira (16), a divisa encerrou com queda de 0,31%.
Na perspectiva de Luiz Felipe Bazzo, CEO do TransferBank, esse desempenho é decorrente do tom “mais duro” do BC, que tem “sugerido que uma alta de juros está na mesa, em meio a uma elevação nas expectativas para a inflação”.
“Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que, se for necessário aumentar as taxas, isso deve ser feito, o que colabora para a queda do câmbio”, completou Bazzo.
O mercado de commodities e seus impactos sobre ações do setor
O minério fraco fez com que empresas, como a Vale (VALE3), caíssem durante a semana. Em linha com a contração, o petróleo também não teve o melhor desempenho durante a semana, impactando as ações do segmento.
O sentimento negativo em relação ao minério foi acentuado na China. Isso pressionou a demanda e os preços dos ingredientes para a fabricação de aço, incluindo o minério de ferro, como apontaram analistas do mercado.
O investimento no setor imobiliário na China caiu 10,2% nos primeiros sete meses de 2024 em relação ao mesmo período de 2023. Além disso, dados oficiais divulgados pelo governo chinês também sinalizaram uma contração de 23,2% no ano no lançamento de novas construções medidas por área útil.
Já em relação ao Petróleo, no último dia 13 de agosto, a Agência Internacional de Energia reduziu sua estimativa para o crescimento da demanda global de petróleo em 2025, mas manteve inalteradas as projeções para 2024.
No mesmo sentido, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) também manteve suas expectativas para a oferta de combustíveis líquidos e o avanço do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2024. Os dados são do relatório mensal da entidade, divulgado na última segunda-feira (12).
A OPEP espera que a oferta de combustíveis líquidos do Brasil suba 100 mil barris por dia em 2024. Para o próximo ano, a projeção é de alta de 180 mil barris por dia.
Evolução do IBOV durante a semana
Segunda-feira (12): +0,38%
Terça-feira (13): +0,96%
Quarta-feira (14): +0,69%
Quinta-feira (15): +0,63%
Sexta-feira (16): -0,15%
Semana: +2,51%