Ao anunciar sua retirada da corrida presidencial dos EUA e declarar apoio à vice-presidente Kamala Harris, neste domingo (21), o presidente Joe Biden mergulhou a política norte-americana em uma situação raramente vista nos tempos modernos, conforme descrito pelo jornal The Wall Street Journal.
A última ocasião em que um presidente não buscou uma reeleição nos EUA foi Lyndon B. Johnson, em 1968.
Com 59 anos, Kamala Harris ainda precisa obter a aprovação dos delegados do Partido Democrata na convenção que ocorrerá de 19 a 22 de agosto. Se confirmada, Harris fará história como a primeira mulher negra a disputar a presidência dos EUA.
Harris pode ser mais progressista do que Biden
A vice-presidente sempre demonstrou lealdade a Biden. No campo econômico, ela é uma defensora fervorosa da agenda da Casa Branca, apoiando os subsídios da Lei de Redução da Inflação para carros elétricos e projetos de energia verde, o aumento do financiamento do IRS para combater a sonegação de impostos pelos ricos, impostos especiais de consumo sobre recompra de ações e um imposto corporativo mínimo de 15% para grandes empresas.
Contudo, em sua trajetória como procuradora-geral e senadora, Kamala Harris frequentemente mostrou-se mais progressista que o atual presidente.
Segundo o jornal The New York Times, ela pressionou por assistência médica universal, defendeu benefícios fiscais mais generosos para a classe trabalhadora norte-americana e propôs aumentos de impostos para as corporações.
Durante o primeiro debate presidencial do Partido Democrata em 2019, Kamala Harris, na época senadora pela Califórnia, fez críticas severas a Donald Trump.
A possível candidata descreveu os cortes de impostos promovidos pelo então presidente como uma concessão aos mais ricos, alegou que a expansão do mercado de ações estava deixando a classe média em desvantagem e alertou que a política comercial do presidente estava prejudicando os agricultores em regiões rurais.
“’Francamente, esta economia não está funcionando para os trabalhadores’”, disse Harris e completou: “Por muito tempo, as regras foram escritas em favor das pessoas que mais têm e não em favor das pessoas que mais trabalham”.