A decisão do atual presidente dos EUA, Joe Biden, de renunciar sua intenção de se reeleger nas eleições deste ano anima o mercado e fortalece o otimismo dos investidores de que o candidato Donald Trump será o próximo a assumir a chefia da Casa Branca.
Com isso, há uma expectativa de que os ativos de risco sejam impulsionados. É o que aponta o especialista em finanças e investimentos, Hulisses Dias, ao BP Money.
“A expectativa é que a saída do Biden impulsione os ativos de risco, como bolsas de valores, pois o Donald Trump tem uma agenda agressiva de gastos em infraestrutura e uma visão pró negócios com expectativa de juros mais baixos e inflação mais relaxada”, afirmou.
Agora, os investidores estão considerando se a decisão de Biden aumenta as chances de uma vitória democrata e como devem ajustar suas apostas.
O especialistas arrisca um palpite ao destacar que o mercado acredita que o baixo carisma de Kamala Harris aumentaria ainda mais a probabilidade de vitória de Trump.
“Isso foi observado por um aumento do preço do Bitcoin, que hoje serve como termômetro da percepção de risco do mercado financeiro”, completa.
Com Trump no protagonismo, investidores miram no Bitcoin
A retirada de Biden da corrida eleitoral beneficia Donald Trump, um candidato republicano que apoia o Bitcoin e já manifestou várias vezes seu entusiasmo por criptomoedas. Caso Trump vença, especula-se que os EUA se tornem uma nação favorável às criptomoedas, adotando essa tecnologia de forma ampla nos próximos anos.
Ana de Mattos, Analista Técnica e Trader Parceira da Ripio, explicou que a notícia da desistencia de Biden causou impactos diretos no mercado das criptomoedas.
“O Bitcoin iniciou uma breve queda até os US$ 65.833. Mais de US$ 67 milhões foram liquidados em cerca de 30 minutos após a notícia”, disse.
“No entanto, o mercado rapidamente absorveu essa queda. Horas depois, o Bitcoin atingiu a máxima do dia nos US$ 68.366. A diferença percentual entre a mínima e a máxima foi de 3.8%. No mercado cripto, a volatilidade costuma ser vista como positiva”, completou.
De acordo com uma especialista, caso o preço do Bitcoin continue a subir, a principal criptomoeda poderá alcançar sua máxima histórica de US$ 73.777. Ela destacou que o mercado cripto está otimista sobre o futuro do Bitcoin.
Harris pode adotar uma abordagem mais progressista que Biden
Ao declarar sua saída da disputa presidencial dos EUA e endossar a vice-presidente Kamala Harris neste domingo (21), o presidente Joe Biden lançou a política norte-americana em um cenário menos favorável.
A provável candidata do partido Democrata pode apresentar uma tensão ao mercado. Isso porque a candidata tem propostas econômicas alinhadas com as de Biden.
Para Yvon Gaillard, Fundador e CEO da Dootax a provável candidata teria uma política fiscal expansionista que “muito provavelmente teria um impacto negativo na política monetária”.
“O aumento do gasto público, ele impacta diretamente ali na inflação e isso poderia ser um indicativo de que a taxa de juros nos Estados Unidos teria um cenário mais complicado para baixar seus patamares, até mesmo eventualmente o Fed se tira pressionado a aumentar a taxa de juros para segurar alguma pressão inflacionária. Então há uma certa volatilidade sim nessa ação”, disse.
Além disso, a troca ainda não oficializada pelos delegados do partido garante um tom de instabilidade. A decisão se dará na convocação, que acontece entre 19 a 22 de agosto.
“O cenário é de um pouco de volatilidade, até porque essa troca não está 100% confirmada, então isso acaba de certa forma até favorecendo um pouco mais o Trump, o candidato republicano, porque essa impasse ali dentro do Partido Democrata”, completou Gaillard.
‘Governo dividido é o melhor cenário’, diz especialista
Em meio ao cenário político norte-americano, o economista da SulAmérica Investimentos, Rafael Yamano, destaca que a configuração de um governo dividido pode ser a mais favorável para os mercados financeiros.
“O melhor cenário acontece no caso de governo dividido, quando o partido de oposição controla pelo menos uma das casas do Legislativo. Dessa forma, a agenda fiscal do presidente, seja para aumentar gastos ou cortar impostos, não consegue avançar”, explicou um analista.
Desde a tentativa de assassinato de Donald Trump, a probabilidade de os Republicanos ganharem controle da presidência e das duas casas do Legislativo tem crescido. “É bem improvável que os Democratas consigam o mesmo”, acrescentou.
Segundo ele, a eleição de Trump traz um risco maior para os mercados brasileiros, em comparação com uma eventual vitória de uma candidata Democrata.
“Sob esse aspecto, uma eleição de Trump tem maior probabilidade de ser pior para os mercados brasileiros do que a de uma candidata Democrata”, afirmou o especialista.