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Tarifaço deve custar R$ 11 tri e travar economia global até 2027

Tarifaço pode custar US$ 2 tri à economia global até 2027. Brasil, China e Europa sofrem impactos diretos, alta nos preços e queda no PIB.

Trump
JIM LO SCALZO (EFE)

O tarifaço deve gerar um prejuízo de até US$ 2 trilhões à economia global até 2027, conforme estimativas da Bloomberg Economics.

Os Estados Unidos elevaram a tarifa média para 13,5%, o maior índice desde 1930. Esse aumento representa um salto significativo em relação ao início do mandato de Donald Trump, quando a tarifa era seis vezes menor.

Desde abril, com o chamado “Dia da Libertação”, o governo americano ampliou tarifas contra parceiros estratégicos. Como resultado, países como China, União Europeia, Japão, Canadá, Brasil, Índia e Vietnã passaram a sofrer os efeitos.

Essa ofensiva tarifária travou investimentos, reorganizou cadeias produtivas e pressionou margens corporativas, obrigando empresas a revisar seus preços.

Tarifaço desacelera o crescimento e elevam a inflação

Segundo o FMI, a OCDE e o Banco Mundial, o tarifaço deve reduzir o PIB global entre 0,4 e 1 ponto percentual entre 2025 e 2026. Além disso, o crescimento do comércio internacional tende a cair pela metade, em comparação com o ritmo de 2024.

Ao mesmo tempo, as tarifas pressionam os preços. A OCDE projeta aumento entre 0,3 e 0,5 ponto percentual na inflação das economias avançadas até 2026. Portanto, consumidores e empresas devem se preparar para custos mais altos e margens mais apertadas.

Impacto no Brasil tende a crescer com tarifa de 50%

Embora o impacto atual no Brasil ainda pareça contido, o risco é crescente. Em 2024, o país exportou US$ 40,9 bilhões aos EUA, equivalente a 12% do total. Com a tarifa atual de 10%, a perda no PIB brasileiro deve ser de apenas 0,05%, segundo a Oxford Economics.

Contudo, se os EUA adotarem uma tarifa de 50%, o PIB pode cair 0,41% no primeiro ano. Ao mesmo tempo, a inflação pode subir até 0,7 ponto percentual em 2026. O agronegócio aparece como o setor mais vulnerável. Produtos como café, suco de laranja e carnes sofreriam os impactos mais imediatos nas exportações.

Indústria global já sente efeitos negativos

Diversos setores industriais registram perdas diretas. A indústria automotiva europeia projeta queda de até 6% nas exportações para os EUA. Paralelamente, fabricantes japoneses preveem impacto de 0,55% no PIB do Japão.

Nos EUA, os preços já reagem. Eletrônicos subiram entre 7% e 9% somente em maio, enquanto o preço dos carros elétricos pode aumentar 20%. Assim, o consumidor final arca com os custos da guerra comercial.

Incerteza se torna obstáculo central para a economia global

À medida que as tarifas se intensificam, a incerteza cresce como principal risco econômico. O FMI alerta que os mercados financeiros estão mais voláteis. Além disso, o JPMorgan prevê queda de até 5% nos investimentos globais em capital fixo em 2025.

Caso as negociações comerciais não avancem, o impacto global pode se agravar. Nesse cenário, a perda no PIB mundial pode se aproximar de 1 ponto percentual até 2026. Por isso, economistas defendem uma mudança urgente de postura nos acordos comerciais multilaterais.