Persevera Asset

Tarifas de Trump geram ‘repúdio’, mas podem ‘dar certo’, diz CEO

“Eu acho que Trump quer conseguir dar uma equalizada nesse negócio”, disse executivo

Foto: Divulgação/Fami Capital
Foto: Divulgação/Fami Capital

As tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, têm gerado “repúdio para muitas pessoas”, mas, apesar de ser um caminho arriscado, há chances de a estratégia gerar bons resultados para o país. A avaliação foi feita nesta sexta-feira (11) por Guilherme Abboud, CEO da Persevera Asset, durante o Advance 2025: investindo para o amanhã, que ocorreu em São Paulo.

Segundo ele, há possibilidades de dar errado, mas também de dar certo. “Há uma chance — maior do que o mercado precifica hoje — de dar certo. De, no final das contas, os Estados Unidos saírem com uma situação um pouco mais equilibrada de comércio”, afirmou o executivo.

Abboud, explicou que Trump não está de todo errado. Na sua visão, as tarifas que os países já aplicavam sobre produtos norte-americanos não eram compatíveis com o “liberalismo” que as empresas desses mesmos países viviam nos EUA.

“Eu acho que Trump quer conseguir dar uma equalizada nesse negócio”, comentou, dando a entender que a intenção do presidente é negociar para atingir um equilíbrio entre os mercados.

Segundo ele, a estratégia pode funcionar porque, no fim das contas, “quem tem mais força na negociação é quem tem o cliente”. Em sua perspectiva, os EUA detêm os compradores mais “vorazes do mundo”. “Ninguém consome como o americano.”

“Numa negociação, o cara que tem as fábricas tem menos poder do que o cara que tem os clientes. No fim do dia, se subir o preço da televisão, o americano pode falar ‘este ano eu não vou comprar televisão, vou jantar fora mais vezes, vou mais para o hotel, vou usar mais serviços’”, justificou.

Contudo, o executivo ponderou que, apesar da perspectiva de que Trump possa “vencer a guerra comercial”, não está descartada a possibilidade de que os riscos assumidos pelo país não compensem no longo prazo.

Fed: novas tarifas irão aumentar as pressões sobre inflação

Susan Collins, a presidente da distrital de Boston do Fed (Federal Reserve), alertou que o impacto das novas tarifas comerciais aplicadas pelos EUA aos seus parceiros comerciais. Segundo ela, o movimento pode levar a um crescimento mais lento da economia e pressões  inflacionárias renovadas.

Na análise da dirigente do Fed, o movimento das expectativas inflacionárias deverá ser a chave para analisar o mercado. Além disso, a executiva mostrou preocupação com a ancoragem da inflação no longo prazo e notou a maior volatilidade nos mercados financeiros.

Collings citou que há uma maior normalização dos juros, dependendo, sobretudo, do Fed ter “confiança suficiente” de que a inflação induzida pelas tarifas não irá persistir.