
Pelo menos 35 grandes empresas norte-americanas decidiram suspender a divulgação de suas estimativas de lucro para 2025, em resposta à crescente incerteza provocada pelas novas tarifas comerciais impostas pelo governo do ex-presidente Donald Trump. A medida, segundo analistas, reflete o impacto direto das tensões geopolíticas sobre a previsibilidade dos negócios e a confiança dos investidores.
Entre os setores mais afetados estão tecnologia, manufatura e varejo, cujas cadeias de suprimento dependem fortemente de importações da China e da União Europeia. As tarifas, que chegaram a 50% sobre produtos europeus e até 145% sobre itens chineses antes de uma recente trégua, têm pressionado os custos operacionais e dificultado o planejamento financeiro das companhias.
Empresas como a fabricante de chips GlobalTech e a varejista OmniMart anunciaram que não irão mais divulgar guidance trimestral, citando “volatilidade regulatória e comercial sem precedentes”. A decisão tem sido acompanhada por revisões de expectativas por parte de analistas de mercado, que agora enfrentam maior dificuldade para precificar ativos e avaliar riscos.
Impacto da suspensão das projeções
A suspensão das projeções também gerou reações negativas em Wall Street. Investidores temem que a falta de transparência aumente a volatilidade das ações e reduza a atratividade de empresas expostas ao comércio internacional. “Sem guidance, o mercado opera no escuro”, afirmou Lisa Grant, estrategista da Horizon Capital.
O cenário se agravou após Trump anunciar, no início de maio, a retomada de tarifas elevadas sobre produtos chineses, medida que foi parcialmente revertida após negociações com Pequim. Ainda assim, a instabilidade permanece, e empresas seguem cautelosas quanto à possibilidade de novas mudanças unilaterais na política comercial dos EUA.
Repercussões e perspectivas futuras
Especialistas alertam que, se mantida, a tendência pode comprometer a confiança no ambiente de negócios e afetar decisões de investimento. “A previsibilidade é um dos pilares do mercado de capitais. Quando ela desaparece, o custo de capital sobe”, explicou o economista Mark Feldman, da Brookstone Research.