O IPCA-15, uma prévia da inflação oficial do país, desalecerou em março após forte avanço em fevereiro. Este mês, o índice ficou em 0,36% antes 0,78% registrado no mês anterior. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado do mês de março ficou acima da mediana das projeções, que apostavam em 0,30%. O resultado foi puxado, principalmente, pelo setor de Alimentação e Bebidas, com alta de 0,91% e impacto de 0,19 p.p. no índice geral..
Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,14%, abaixo dos 4,49% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em março de 2023, o IPCA-15 foi de 0,69%.
Além do grupo Alimentação e bebidas, também se destacaram Transportes (0,43%) e Saúde e cuidados pessoais (0,61%). As demais variações ficaram entre o -0,58% de Artigos de residência e o 0,19% de Habitação.
Especificamente no grupo Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio subiu 1,04% em março. Contribuíram para esse resultado as altas da cebola (16,64%), do ovo de galinha (6,24%), das frutas (5,81%) e do leite longa vida (3,66%).
Outros itens apresentaram queda, como a batata-inglesa (-9,87%), a cenoura (-6,10%) e o óleo de soja (-3,19%).
Aumento da gasolina responde por um terço da alta do IPCA-15
A gasolina foi o item que mais pesou individualmente para os brasileiros, com alta de 2,39% em março, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15).
O número respondeu por 0,12 ponto percentual da taxa de 0,36% do índice, ou um terço da alta.
Em 12 meses, no entanto, a alta da gasolina desacelerou de 12,25% em fevereiro para 8,68% em março.
No grupo de combustíveis como um todo, houve alta de 2,41% dos preços em março. Além da gasolina, o preço do etanol também subiu (4,27%), enquanto gás veicular (-2,07%) e óleo diesel (-0,15%) registraram queda.
Resultado de março não gera “estresses adicionais”, afirma especialista
Segundo Maykon Douglas, economista da Highpar, a leitura do IPCA-15 de março não gera “estresses adicionais”, já que veio parecida com a registrada em fevereiro.
“O IPCA de fevereiro trouxe um número mais “salgado” que o esperado, mas com surpresas para baixo nos serviços subjacentes. Houve algo parecido aqui, pois o núcleo de serviços veio praticamente em linha com as expectativas”, pontua.
“Como sugerido pelo Copom na ata publicada há pouco, as surpresas para cima nos preços mais sensíveis à demanda e o mercado de trabalho mais apertado trazem dúvidas sobre a velocidade da desinflação à frente. O emprego deve se manter resiliente, então há o risco de novos “solavancos” na margem”, completa o economista.