Economia

IPCA-15: luta contra inflação não está ganha, diz Paulo Gala

Resultado esvazia apostas de cortes de juros mais agressivos na Selic

IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) de agosto, de 0,28%, jogou um balde de água fria no mercado ao vir acima das expectativas, de 0,13%. Para Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, esta é uma sinalização clara de que a luta contra a inflação ainda não está ganha.

“O IPC da FIPE registrou uma queda significativa com deflação de 0,50%, e o IPCA quinze veio em 0,28%, acima das expectativas de 0,13%. O acumulado anual do IPCA já ultrapassou a meta estipulada. A Selic deve continuar numa trajetória de queda, possivelmente parando entre 9% e 10% devido ao cenário atual e aos resultados de inflação acima do esperado”, comentou.

O resultado da inflação foi puxado pela alta no setor de Habitação, com destaque para a energia elétrica residencial (4,59%), influenciada pelo fim da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês anterior.

Segundo Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, outro destaque negativo foi a alta nos núcleos. “O setor de serviços subjacentes voltou a acelerar, e isso esvazia apostas de cortes de juros mais agressivos na Selic por parte do Copom, que deve seguir o plano de cortes de 0,50% ao longo das próximas reuniões”, ponderou. “Então quem apostava em algum corte de -0,75% até o fim do ano, pode estar reajustando sua posição (reduzindo as apostas, ou até mesmo encerrando posição).”

O resultado da prévia da inflação acabou afetando negativamente a bolsa, com o Ibovespa futuro abrindo em queda logo que o dado foi divulgado.

Ainda hoje, quatro diretores do Banco Central do EUA (Fed) farão discursos na reunião de Jackson Hole, incluindo o presidente Jerome Powell, aumentando a tensão no mercado como um todo. “Essa variedade de posicionamentos cria uma atmosfera de expectativa em relação às políticas de juros, tanto nos EUA quanto na Europa. Há especulações sobre uma possível pausa nas altas de juros na Europa, devido à desaceleração da atividade econômica”, destacou Paulo Gala.

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