O IPCA-15, prévia da inflação oficial do país, avançou para 0,44% em maio, ante alta de 0,21% no mês de abril, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nessa terça-feira (28).
Em 12 meses, a variação do IPCA-15 em maio foi de 3,70%, abaixo dos 3,77% nos 12 meses imediatamente anteriores.
O dado de maio veio abaixo da estimativa de analistas, que previam inflação mensal de 0,49% e índice de 3,75% em 12 meses. Para o analista André Colares, porém, isso não é um sinal para relaxar, principalmente porque ainda é desconhecido o impacto das enchentes do Rio Grande do Sul (RS) na economia.
“Além disso, ainda estamos acima da meta de 3% e os Estados Unidos pode subir ainda mais os juros, o que levaria ainda mais capital para o país e desvalorização das demais moedas, inclusive o real. Isso poderia impactar nos preços das importações atreladas ao dólar e, consequentemente, impactaria na inflação”, destacou Colares.
Fabio Murad, sócio da Ipê Investimentos, reforçou que, embora os dados mostrem uma inflação mais controlada, cenário ainda exige atenção.
“A aceleração em relação ao mês anterior e a influência dos grupos Saúde e cuidados pessoais e Transportes indicam que ainda há fatores de risco, considerando a meta de inflação do Banco Central de 3%”, afirmou Murad.
Na avaliação de Volney Eyng, CEO da gestora Multiplike, a aceleração em maio ante abril indica, portanto, que o BC terá dificuldades em dar segmentos as baixas da taxa Selic.
Na contramão dos demais especialistas, Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo LAATUS, avaliou positivamente o dado. Segundo ele, resultado é “bem positivo” para a curva de juros – ou seja, desacelera a curva de juros e ajuda na desaceleração do dólar.
“Em um cenário onde o mercado está de olho nas falas do BC e preocupado se o BC vai continuar o ciclo de cortes ou não, esse IPCA-15 mostra que, por enquanto, o efeito Rio Grande do Sul não está fazendo pressão na inflação. Ou seja, é bem positivo, a curva de juros já abriu negativa, o dólar já abriu negativo e o Ibovespa, positivo”, disse Laatus.
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Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com, pontuou que os grupos Transportes (+0,77%) e Saúde e Cuidados Pessoais (+1,07%) foi o que mais contribuíram para a alta no índice, com impacto respectivo de 0,16 ponto percentual (p.p.) e 0,14 p.p.
“O grupo Transportes foi impulsionado pelo preço da gasolina e das passagens aéreas, enquanto os produtos farmacêuticos foram os responsáveis pelo avanço em Cuidados Pessoais”, explicou o analista.
Ainda de acordo com Manzoni, no grupo Alimentação e Bebidas, houve uma desaceleração de 0,61% para 0,26%.
O arroz, cujos preços são o centro de atenção após as enchentes no Rio Grande do Sul (RS) – estado responsável por 70% da produção nacional do grão – apresentou queda de -1,25%.
Em relação ao impacto da gasolina, Jefferson Laatus disse que a alta foi motiva, em parte, pela movimentação do petróleo externamente, “apesar de não ter um repasse direto da Petrobras em cima disso”.
“Além disso, tem a questão da sazonalidade do álcool. Hoje em dia, está valendo mais a pena colocar gasolina no carro do que álcool. Isso acaba ajudando a pressionar um pouco o preço de combustíveis”, destacou estrategista-chefe do Grupo LAATUS.
Já para Volnei Eyng, a deficiência no preço da gasolina nos últimos meses, em relação aos valores internacionais, “pode indicar que o governo está fazendo alguns repasses de valor, buscando uma paridade de preço internacional”.
No caso específico da gasolina, é muito importante ter esse ajuste de preço, porque isso acaba beneficiando a indústria de cana-de-açúcar. Quando o preço da gasolina fica muito deficiente, há bons sintomas para a inflação, mas a indústria sofre bastante. Com certeza o governo tem olhado para essa indústria também”, afirmou Eyng.
