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Apesar da prévia da inflação ter mostrado uma variação de preços abaixo das expectativas do mercado para fevereiro, a composição do IPCA-15 indica que o cenário inflacionário continua desafiador. Em alguns casos, a divulgação levou a ajustes nas projeções para a inflação cheia do mês, mas não alterou as estimativas para o ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) avançou 1,23% em fevereiro, após alta de 0,11% em janeiro, segundo dados divulgados nesta terça-feira (25) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em fevereiro de 2024, o índice havia subido 0,78%.
Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, o IPCA-15 “continua ruim”, com as medidas subjacentes — especialmente os preços de serviços e a média dos núcleos — operando em níveis elevados, reforçando um cenário inflacionário desafiador. As informações são do Valor.
“Além disso, todas as métricas de serviços seguiram mostrando piora na ponta, elevando o desafio para a política monetária”, afirmou o economista, que manteve a projeção de IPCA em 1,45% para fevereiro e 5,91% para 2025.
Já Alexandre Maluf, economista da XP, destacou que, ao analisar a média móvel anualizada sazonalmente de três meses, os núcleos de inflação continuam preocupantes. Segundo ele, a média dos núcleos subiu de 5,5% para 5,6%, enquanto o núcleo sensível à atividade — medido pelo ex-3 do Banco Central, que mescla indústria e serviços subjacentes — está em 6,5%, “em trajetória ascendente”.
“Isso sinaliza pressões persistentes, mesmo com a surpresa baixista de fevereiro”, concluiu Maluf.
IPCA-15 desafia BC, apesar da alta abaixo do esperado
O IPCA-15 de fevereiro, conhecido como ‘prévia de inflação’, registrou uma alta de 1,23%, abaixo das projeções do mercado e também das estimativas internas de analistas. Ainda assim, de acordo com especialistas ouvidos pelo BP Money, o cenário ainda sugere um quadro mais desafiador para a inflação no Brasil.
A surpresa foi gerada principalmente pelos itens mais voláteis, enquanto os custos de serviços subjacentes, como aluguel e condomínio, seguem em alta e preocupam especialistas.
Em relação ao mês anterior, o índice de inflação acelerou, como esperado, com a devolução da deflação gerada pela redução de tarifas de energia elétrica em janeiro e o aumento dos preços dos combustíveis. Esses fatores contribuíram para a alta geral do IPCA-15.