O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice que mede a inflação brasileira, referente ao último mês de julho ainda não foi publicado, entretanto, é possível esperar uma nova deflação, conforme economistas ouvidos pela BP Money.
Em junho, foi registrada a primeira deflação em nove meses – a última ocorreu em setembro de 2022 (-0,32%) – que, apesar de tímida, de apenas -0,08%, favorece a redução do acumulado de 12 meses, que totaliza 3,16%.
Segundo a economista e professora de MBAs da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Carla Beni, a inflação de junho foi contida por dois principais fatores.
“O primeiro foi a questão da queda da conta de luz devido ao bônus de Itaipu. Foram mais de 80 milhões de unidades consumidoras, tanto rurais quanto residenciais, que tiveram queda de preço da energia. O segundo ponto foi o programa do carro popular do governo, como ele durou mais ou menos um mês, também acabou impactando”, relatou, acrescentando que estes fatores de queda não irão se repetir.
No entanto, na avaliação da economista, ainda é esperado que outros aspectos econômicos possam impactar para uma nova redução na inflação, entre eles estão a queda do preço do gás de cozinha e de alimentos como o feijão carioca, o óleo de soja, o leite longa vida e as carnes.
O setor de serviços, pondera Carla Beni, também deve apresentar uma queda muito acentuada, com uma certa normalização. Estes resultados positivos não haviam aparecido nas edições anteriores do IPCA, mas despontaram no último IPCA-15 – prévia da inflação, cujo período de coleta estende-se do dia 16 do mês anterior ao 15 do mês de referência.
IPCA de julho será reforço para o BC
Para Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e mercado de capitais e sócio da Quantzed, os setores de serviços, alimentos e administrados devem direcionar a inflação para dentro do esperado pelo Banco Central.
“A gente precisa ver como que esses componentes vão se comportar nesse próximo dado. Já vinha havendo um arrefecimento e a expectativa é pela continuidade, justamente para tentar reforçar a decisão do Banco Central de cortar os juros”, destacou.
A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizou que o patamar de redução de 0,50 p.p. na Selic deve ser mantida, assim, o resultado do IPCA não deve causar surpresas.
Ricardo salienta que ainda há outros dados de inflação a serem divulgados, além da defasagem do preço do combustível em relação ao mercado internacional, com possível repasse da Petrobras, mas que é prematuro projetar se o Copom deve mudar os planos.
“Para que a gente tenha uma modificação, algo muito de significativo deveria acontecer, para o bem ou para o mal. Então, com a fotografia de hoje, o cenário é de mais três quedas de 0,50 p.p.”, avalia o especialista.
Já Étore Sanchez, economista chefe da Ativa Investimentos, acredita que “todo resultado do IPCA será monitorado na lupa e há sim uma chance de aceleração do ritmo de cortes (da Selic) por conta do resultado, visto há uma grande subjetividade nos termos utilizados pelo BC para que isso ocorra, como a determinação de ‘substancialmente mais benigno’”.
O IPCA referente ao último mês de julho será divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na próxima sexta-feira (11).