O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de dezembro apresentou uma alta de 0,52%, superando a taxa de 0,39% registrada em novembro, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados nesta sexta-feira (10).
No mesmo mês de 2023, o IPCA havia ficado em 0,56%. Com isso, o índice acumulou uma alta de 4,83% ao longo do ano.
Meta de Inflação de 2024 é ultrapassada desde outubro
A meta de inflação para 2024 foi fixada em 4,5% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), considerando uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual sobre o objetivo de 3% estipulado para o IPCA em 2023.
O mercado financeiro projetava que a inflação acumulada nos 12 meses até dezembro chegaria a 4,89%, o que representa um valor acima do limite superior da meta.
Desde outubro, o IPCA tem superado o teto da meta de inflação, e não voltou a ficar dentro do intervalo desde a divulgação do índice de 4,76%. Antes disso, a única exceção havia sido em janeiro, quando a inflação foi de 4,51%.
Grupos
Com exceção do grupo Habitação (-0,56%), todos os outros segmentos mostraram variações positivas em dezembro. O maior impacto veio do grupo Alimentação e bebidas, que subiu 1,18%, com uma contribuição de 0,25 ponto percentual.
Em seguida, Transportes teve uma alta de 0,67%, representando um impacto de 0,14 p.p. O grupo Vestuário, com variação de 1,14%, teve a segunda maior alta, após registrar uma queda de 0,12% em novembro.
Grupo | Variação (%) |
Alimentação e bebidas | 1,18 |
Habitação | -0,56 |
Artigos de residência | 0,65 |
Vestuário | 1,14 |
Transportes | 0,67 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,38 |
Despesas pessoais | 0,62 |
Educação | 0,11 |
Comunicação | 0,37 |
Alimentos e bebidas seguem em alta
O grupo Alimentação e bebidas experimentou seu quarto aumento consecutivo, registrando 1,18% em dezembro. Dentro da alimentação no domicílio, a alta foi de 1,17%, com ênfase nos aumentos das carnes, como a costela (6,15%), alcatra (5,74%) e contrafilé (5,49%).
Outros itens que impulsionaram o índice foram o óleo de soja (5,12%) e o café moído (4,99%). Por outro lado, limão (-29,82%), batata-inglesa (-18,69%) e leite longa vida (-2,53%) apresentaram quedas significativas.
A alimentação fora do domicílio também acelerou, subindo 1,19% frente aos 0,88% de novembro. A refeição, com variação de 1,42%, teve a maior contribuição individual (0,05 p.p.), seguida pelo lanche, que registrou 0,96% e contribuiu com 0,02 p.p.
Transportes influenciados por passagens aéreas e aplicativos
O grupo Transportes subiu 0,67%, impulsionado por aumentos no transporte por aplicativo (20,70%) e nas passagens aéreas (4,54%). Os combustíveis também tiveram alta: etanol (1,92%), óleo diesel (0,97%), gasolina (0,54%) e gás veicular (0,49%).
No entanto, o preço do ônibus urbano teve queda de -0,65%, devido à gratuidade das tarifas em São Paulo no dia 25 de dezembro (-3,45%). Por outro lado, o trem (3,77%) e o metrô (3,90%) subiram, refletindo a incorporação de gratuidades durante o ENEM, que geraram aumentos de 7,07% nesses serviços na capital paulista.
Habitação registra queda, com destaque para energia elétrica
O grupo Habitação teve uma redução de -0,56%, impulsionada pela queda de 3,19% na energia elétrica residencial, após a volta da bandeira tarifária verde em dezembro, que isentou a cobrança extra nas contas. Em Rio Branco, o preço da energia elétrica caiu -4,33% devido a um reajuste negativo de -4,50% nas tarifas, em vigor desde 13 de dezembro.
Além disso, o reajuste de 9,83% na taxa de água e esgoto no Rio de Janeiro, que entrou em vigor em 1º de dezembro, contribuiu para a alta de 0,70% nesse subgrupo. Por outro lado, o preço do gás encanado caiu 0,01%, com redução de 0,51% nas tarifas do Rio de Janeiro.
Variação regional: Salvador e Belo Horizonte em extremos opostos
Em termos regionais, a maior variação foi registrada em Salvador (0,89%), impulsionada pelos aumentos nas carnes (7,31%) e na gasolina (4,04%). Já Belo Horizonte apresentou a menor variação (0,25%), devido à queda de 2,41% na energia elétrica residencial.