Economia

IPCA de agosto é carregado por expectativas do mercado

Analistas esperam aceleração da inflação, mas sem grandes surpresas

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do mês de agosto será divulgado nesta terça-feira (12). O resultado é carregado por expectativas do mercado que espera uma aceleração da inflação.

A prévia da inflação (IPCA-15) do último mês já havia surpreendido ao registrar 0,28%, 0,35 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de julho (-0,07%). No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,38%.

De acordo com Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, o mercado trabalha com o resultado de 0,26% para o mês de agosto. “Uma parte do mercado já até acredita que possa ser uma aceleração ainda maior do que este número. Então é importante a gente acompanhar a divulgação e ver o número aberto logo depois do resultado para saber se o qualitativo foi melhor ou foi pior. Mas a expectativa é bem grande”, disse.

Já Guilherme Sousa, economista da Ativa Investimentos, afirmou que a expectativa fica em 0,23% em agosto, com 4,60% no acumulado em 12 meses.

“Acreditamos que um dos motivos do avanço no headline será a elevação da gasolina provocada pela Petrobrás em meados agosto, que terá impacto parcial no próprio mês”, disse.]

Ele ainda acrescentou que “a forte elevação do diesel também adiciona impacto secundário na inflação, principalmente no que toca os fretes. Por último, energia elétrica também deve vir forte em agosto, na esteira da saída do desconto de Itaipu da conta.”

Sobre o IPCA-15, a economista e professora de MBAs da FGV Carla Beni destacou que alguns itens de maior valor que influenciaram o aumento da inflação. Além da alta da energia elétrica, ela citou elevações da taxa de água e esgoto com reajustes em várias concessionárias, a exemplo de Brasília e Porto Alegre.

“Outros setores que também tiveram uma certa aceleração que foi Saúde e Cuidados Pessoais com Higiene, que saiu de um resultado negativo em julho para um positivo em agosto muito elevado. Na parte de Transportes houve uma aceleração pela alta dos preços de automóveis novos, assim como nos combustíveis, com correção de preço da gasolina e gás veicular, mesmo considerando a queda do óleo diesel e a queda do etanol”, salientou.

A professora ainda comentou sobre resultados negativos que podem conter uma inflação maior. É o caso do setor de Alimentação e Bebidas, que teve uma queda considerável nos dois últimos meses, caindo 0,40% em julho e 0,65% em agosto.

Copom e Selic

Apesar de assumir possibilidades de surpresas, os analistas entram em consenso de que não há risco do IPCA de agosto alterar planos do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) com a Taxa Selic – de manter ritmo de cortes de 0,5 p.p.

“Em comunicações oficial, os membros do comitê já deixaram claro que esse deve ser o ritmo de corte nas próximas reuniões. Assim, uma suposta mudança no ritmo de cortes deve vir acompanhadas de um conjunto de elevadas surpresas”, concluiu Guilherme Sousa.