O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, avaliou que os dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), veieram “salgado” em comparação ao esperado pelo mercado. O medidor oficial da inflação do País, divulgado nesta terça-feira (12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), registrou um aumento de 0,83%, enquanto o mercado projetava 0,78%.
“Estamos falando de um índice de 0,83, que é uma inflação bastante salgada, por meio de fevereiro. Os dados vieram pior do que o que se imaginava e reflete uma alta de 1.25% no ano, que é bastante se a gente imaginar que a meta de inflação é de 3%”, analisou.
O economista-chefe destaca que a alta maior do IPCA concentra-se principalmente na área da educação, pesando significativamente o índice.
Os aumentos foram referentes ao ensino médio (8,51%), ensino fundamental (8,24%), pré-escola (8,05%) e creche (6,03%). Também foram registrados aumentos nos cursos técnicos (6,14%), ensino superior (3,81%) e pós-graduação (2,76%).
Segundo a análise, os cursos regulares registraram um aumento de 6%, com elevação nos segmentos de ensino médio, pré-escola e creche.
No entanto, Gala ressalta que esses serviços são sazonais, especialmente as mensalidades escolares, que refletem os reajustes típicos no início do ano.
Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, comenta em linha com a análise anterior ao demonstra que a alta já era esperada.
“Isso não é grande surpresa na minha visão, visto que no primeiro trimestre, de maneira sazonal, o setor de educação tem alta nos preços das mensalidades. Já o vestuário caiu -0,44%, ajudando a puxar o índice para baixo”.
Além disso, a parte de serviços em geral apresentou uma alta de 1,06, em comparação com apenas 0,02 do mês anterior.
IPCA: pontos positivos
De acordo com a análise realizada por Paulo Gala sobre o IPCA, observou-se que os chamados serviços subjacentes, que englobam os segmentos menos voláteis, são motivo de otimismo, já que essa categoria tem representado um desafio recente para o Banco Central. O segmento registrou uma alta de 0,44, em comparação com 0,76 em janeiro.
“Aqui há uma boa notícia de que os serviços subjacentes, que são os menos voláteis, apresentaram desaceleração”, disse.
“Outra boa notícia é que a difusão caiu de 65% para 57%, ou seja, menos altas disseminadas”, completou.
Já para Fernandes, é importante ressaltar que os núcleos do IPCA –métricas que visam identificar padrões na inflação– continuam a diminuir, o que ela considera como um aspecto positivo.
Para acompanhar as métricas, os economistas do BC acompanham a evolução dos preços excluindo ou minimizando a influência de fatores temporários nos índices. Por exemplo, em uma medida de núcleo, é viável eliminar do cálculo itens mais instáveis, como alimentos e combustíveis.
“Com isso, o Ibovespa [principal índice acionário da Bolsa de Valores brasileira] reagiu em alta perante o IPCA divulgado, os juros futuros operam em queda, junto do dólar, que por sua vez é influenciado pelo CPI. Dado que mede a inflação norte-americana divulgado nesta terça-feira também”, avaliou o especialista.