Economia

IPCA não surpreende e tem menor patamar desde 2018, avaliam especialistas

O BP Money reuniu análise de profissionais sobre o resultado para melhor compreensão do índice inflacionário braisleiro

O IPCA, índice oficial que mede a inflação do País, divulgado na manhã desta terça-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou uma alta de 0,28% em novembro. Esse foi o resultado mais baixo para o mês desde 2018, quando houve recuo de 0,21%. O índice supera o aumento de 0,24% registrado em outubro. No ano, a inflação acumulada é de 4,04% e, nos últimos 12 meses, de 4,68%. O BP Money reuniu análise de profissionais sobre o resultado para melhor compreensão do índice inflacionário braisleiro.

De acordo com Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o resultado veio levemente abaixo do esperado pelo mercado em novembro. Isso porque o consenso era de que a variação mensal seria 0,29%. No que tange a expectativa para o acúmulo anual, era de 4,69%. 

O IPCA foi puxado pelos alimentos e bebidas, ao registrar a maior variação (0,63%) e o maior impacto (0,13 p.p.). “Dentre os alimentos, a alta da carne é vista como natural, visto que a arroba do boi, depois de atingir cotações mínimas em agosto, vem subindo, e isso impactou no preço da carne”, pontua o Fernandes. 

“Já a energia elétrica também contribuiu com a alta do IPCA, devido a reajustes em regiões importantes, como Brasília, São Paulo e Goiânia. E o transportes voltou a acelerar, principalmente por conta da alta das passagens aéreas que subiram +19% em novembro”, disse o  sócio da A7 Capital.

Sem surpresa

O economista Paulo Silva avaliou, em resposta ao BP Money, que o resultado do IPCA veio próximo às projeções do mercado, mesmo com o grupo de alimentos e bebidas apresentando a maior variação e o maior impacto no índice (0,63%), seguido da habitação (0,38%) e transportes (0,27%).

Silva compara o índice com o mês anterior, que sofreu uma ligeira queda de 1%. “Esse resultado nos mostra um cenário mais benigno de acomodação geral nos níveis de preços na economia, que contribuiu para registrar o quarto mês consecutivo com variação do IPCA abaixo de 0,30%.”, disse. 

No entando o profissional destaca que, para que a inflação ultrapasse o intervalo da meta para 2023, é necessário que o resultado do IPCA do mês de dezembro registre uma elevação acima do registrado nos últimos quatro meses.

“ Dessa forma, cresce a expectativa de que a inflação feche o ano de 2023 dentro do intervalo da meta, o que será um sinal extremamente importante e dará a segurança necessária para que o Banco Central dê continuidade à queda de juros no decorrer do próximo ano”, comenta.

Impacto no mercado

Marcelo Oliveira, CFA e co-fundador da Quantzed, afirma que o mercado não respondeu de forma negativa aos dados divulgados pelo IBGE nesta manhã.

“O número veio em linha com as expectativas e a reação do mercado por enquanto indica realmente isto, seguindo muito próximo dos preços antes do anúncio, tanto para bolsa quanto para os juros”.

Já Fernandes destaca: “houve pouco impacto no dólar e no Ibovespa futuro, que operam próximo da estabilidade, visto que o IPCA não veio muito longe do esperado pelo mercado. A curva de juros reagiu de uma forma um pouco mais acentuada, caindo em média -0,39%”, disse.

“O mercado já esperava que mesmo com o dado atual, o BC não irá mudar o plano de vôo de cortes de -0,50% em -0,50% na Selic. Acredito que o rumo do juros nos EUA deve dar o tom do nosso ritmo da Selic, para que o BC [Banco Central] mantenha um diferencial de juros Brasil X EUA ainda atrativo para o investidor estrangeiro, condizente com um risco de país emergente, para que não venha a ter impacto negativo no nosso câmbio, e não provocar uma desvalorização acentuada do Real”, analisa.

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