IPCA tem deflação de 0,29% em setembro

Foi a menor variação para um mês de setembro desde o início da série histórica do IPCA

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no País, apresentou deflação de 0,29% em setembro na comparação com agosto, segundo dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

“Essa é a terceira queda consecutiva no IPCA em 2022, o que confirma o cenário deflacionario e evidencia o acerto na condução da política monetária pelo banco central. Enquanto a maioria dos países do globo sofrem com inflação e baixo crescimento, o Brasil tem provado ao mundo que possui uma economia com dinâmica própria e que tem sido capaz de manter a inflação sob controle”, analisou Leandro Vasconcellos, especialista em finanças e sócio da BRA, ao BP Money. 

Foi a menor variação para um mês de setembro desde o início da série histórica. No ano, o IPCA acumula alta de 4,09% e, nos últimos 12 meses, de 7,17%, abaixo dos 8,73% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2021, a variação havia sido de 1,16%.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, quatro tiveram queda em setembro. Apesar de recuar menos do que no mês anterior (-3,37%), o grupo dos Transportes (-1,98%) contribuiu novamente com o impacto negativo mais intenso sobre o IPCA do mês: -0,41 ponto percentual (p.p.). Na sequência vieram Comunicação (-2,08%) e Alimentação e bebidas (-0,51%), ambos com -0,11 p.p.

Economista e sócio da BRA, João Beck destaca que o mercado vem respondendo mal ao resultado, mas destaca pontos positivos no qualitativo por conta do recuo dos núcleos e da difusão.

“O retrato da inflação ainda é parecido com as divulgações anteriores de um país com melhora da renda e desemprego pressionando preços de serviços e consumo. Já o destaque de queda – deflação – é puxada por combustíveis”, afirmou Beck. 

“O IPCA divulgado hoje é mais um dado que reforça que chegamos no teto da Taxa Selic como apontando no último comunicado do Copom”, completou o economista. 

No lado das altas, destacam-se os grupos Vestuário (1,77%), com a maior variação positiva do mês, e Despesas pessoais (0,95%), com a maior contribuição positiva (0,10 p.p.). Os demais grupos ficaram entre o 0,12% de Educação e o 0,60% de Habitação.

IPCA: transportes registram queda pelo terceiro mês consecutivo

Os transportes registraram queda pelo terceiro mês seguido, como consequência da redução no preço dos combustíveis (-8,50%). A gasolina (-8,33%) contribuiu com o impacto negativo mais intenso no índice de setembro (-0,42 p.p.). Os outros três combustíveis pesquisados também apresentaram queda: etanol (-12,43%), óleo diesel (-4,57%) e gás veicular (-0,23%). 

Cabe mencionar ainda o recuo nos preços das motocicletas (-0,08%), dos automóveis novos (-0,15%) e dos automóveis usados (-0,38%), que haviam subido no mês anterior. Nos transportes públicos, a variação negativa do subitem ônibus urbano (-0,34%) deve-se à redução dos preços das passagens aos domingos em Salvador (-4,29%), válida desde 11 de setembro.

Ainda em Transportes, destaca-se a alta de 8,22% nas passagens aéreas, após a queda de 12,07% em agosto. Com isso, as passagens aéreas tiveram o maior impacto individual positivo no índice de setembro (0,05 p.p.), entre os 377 subitens pesquisados. Além disso, também houve aumento do transporte por aplicativo (6,14%), que havia caído 1,06% em agosto.

Victor Cândido, economista-chefe da RPS Capital, aponta que a deflação pelo terceiro mês consecutivo ainda não resolve o problema da inflação, mas salienta que a qualidade do dado vem melhorando. 

“O problema da inflação ainda não foi resolvido, mas a qualidade do dado tem melhorado, o que é compatível com o Banco Central ter encerrado o ciclo de juros. O dado de hoje não faz mudarmos a nossa projeção para inflação ao final do ano que é de 5,3%”, afirmou Cândido. 

O grupo Alimentação e bebidas passou de alta de 0,24% em agosto para queda de 0,51% em setembro, puxado pela alimentação no domicílio (-0,86%). A refeição (0,34%) e o lanche (0,74%) subiram menos que em agosto (0,84% e 0,86%, respectivamente).

A alta do grupo Despesas pessoais (0,95%) foi puxada pelos serviços bancários (1,56%). Os serviços ligados ao turismo, como hospedagem (2,88%) e pacote turístico (2,30%) também subiram, acumulando em 12 meses altas de 24,07% e 19,78%, respectivamente.

Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados de 30 de agosto a 28 de setembro de 2022 (referência) com os preços vigentes de 29 de julho a 29 de agosto de 2022 (base). O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980.