BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O grupo de transportes Itapemirim anunciou nesta segunda-feira (4) o lançamento da sua fintech, o Ita Bank. A startup nasce em parceria com financeiras como a Junttos e a Afinz, com o objetivo de financiar passagens aéreas e terrestres em até 36 vezes sem juros. O BTG é o banco custodiante da conta digital.
O lançamento de um cartão de crédito da bandeira Amex (American Express) também está sendo preparado para o primeiro trimestre de 2022, segundo informou à Folha de S.Paulo o presidente do grupo Itapemirim, Sidnei Piva.
“Antes restrita só a uma parcela da população, de maior poder aquisitivo, a bandeira Amex vai ser acessível a todas as classes sociais”, afirmou Piva.
A fintech nasce com a missão de democratizar o acesso a crédito para viagens, em um momento de retomada do turismo e com a proximidade das festas de fim de ano.
“Um nordestino que more em São Paulo, por exemplo, e queira rever a família em Salvador. Ele pode não ter R$ 500 para pagar a passagem de ônibus, mas vai poder, pelo aplicativo do Ita Bank, liberar na hora um crédito para bancar a viagem”, afirmou Piva.
“Da mesma maneira, uma família que queria planejar sua viagem de férias, pode ir pagando um pacote em 24 vezes, em parcelas que caibam no seu bolso”, diz o empresário.
Para ter seu crédito liberado, o consumidor precisa abrir uma conta no Ita Bank, onde também será oferecido um programa de milhagem e outro de vantagens. A conta vai permitir transferências, pagamento de contas e por PIX. A cada crédito liberado pelas financeiras para passageiros da Itapemirim, o grupo de transportes fica com uma comissão.
A ideia é oferecer também outros produtos financeiros vinculados à conta, como seguro-viagem e seguro de vida, assistência viagem e assistência veículo, recarga de celular.
“O pagamento da passagem poderá ser feito pela conta do Ita Bank ou pela emissão de boleto, em seis, 12, 36 vezes, como em carnês antigos das lojas”, diz Piva. “Parte dos nossos consumidores não têm acesso a cartão de crédito e esta pode ser a sua única possibilidade de financiamento”.
O empresário afirma não temer a inadimplência da baixa renda. “A preocupação maior deste consumidor está em manter o seu nome limpo, o índice de inadimplência deste público é muito baixo”, diz.
No lugar dos sócios árabes, investidores do Brasil, EUA e Inglaterra O acordo do grupo Itapemirim com dois grandes fundos árabes, que fariam um aporte de US$ 500 milhões para financiar a expansão do grupo, em especial no setor aéreo, foi desfeito, diz Piva. Em compensação, o empresário vem costurando acordos com investidores de pequeno porte do Brasil, Estados Unidos e Inglaterra.
“Ao final de 2024, quando estivermos preparados para o IPO [oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês], estes investidores vão ter vantagens sobre as ações que serão oferecidas ao mercado”, diz Piva. Segundo ele, o banco japonês Nomura está desenhando os acordos.
“É como uma incubadora de fintechs: o investidor chega, enxerga a operação por dentro e decide em que deseja investir”, diz Piva. “Para o grupo, é mais interessante do que a operação anterior, com os fundos árabes, em que a gente tinha uma faca no pescoço, teríamos que passar o controle para eles depois de determinado período”.
De qualquer forma, a saída dos árabes atrasou o cronograma de novas aeronaves. A Ita (Itapemirim Transportes Aéreos) vai encerrar o ano com dez aviões -atualmente, são seis. Outras dez aeronaves estão contratadas, mas ainda não estarão prontas para voar até dezembro, segundo Piva. A meta para junho de 2022 é atingir 50 aeronaves, voando para 35 destinos. Hoje, são 13 destinos e mais três devem ser lançados ainda este ano.
Em 2019, foram transportados 2,5 milhões de passageiros pela Viação Itapemirim, de ônibus interestaduais, antes do lançamento da Ita. “Este ano, vamos encerrar o ano com 1 milhão de passageiros transportados pelo aéreo, além de 1,5 milhão pelo rodoviário”, afirma o empresário. Nos primeiros dois meses de operação, a aérea Ita transportou 200 mil pessoas. “Estamos com 80% de taxa de ocupação”.
Itapemirim ainda está em recuperação judicial. Em maio, a empresa pediu à Justiça para encerrar o processo. “Todas as nossas obrigações estão em dia, estamos aguardando apenas a decisão judicial”, afirma.
Em agosto, a empresa foi alvo de denúncias de funcionários da aérea sobre atraso nos pagamentos. “Foi uma questão pontual, estávamos apenas centralizando os pagamentos dos funcionários em um só banco”, diz.