Economia e mercado

Itaú: Brasil perde credibilidade e se aproxima da dominância fiscal

Os analistas do Itaú afirmam que o Banco Central não demonstrou, até o momento, hesitação em perseguir a meta de inflação

Foto: Real/CanvaPro
Foto: Real/CanvaPro

A credibilidade do arcabouço fiscal deteriorou significativamente, apontou o Itaú Unibanco (ITUB4) em relatório recente. O cenário vem se consolidando ao passo que a regra fiscal, mesmo que cumprida, não traz perspectiva de estabilização da dívida pública no médio prazo.

Os analistas da casa acreditam que o BC (Banco Central) não demonstrou, até o momento, hesitação em perseguir a meta de inflação. 

Apesar disto, o Itaú avalia que se não houver mudança de tendência na política fiscal, o Brasil pode se aproximar da situação de dominância fiscal, quando nem mesmo o aumento expressivo da taxa de juros pode combater a inflação.

Enquanto a dívida pública avança a uma média de 4 pontos porcentuais por ano, os saldos das contas primárias não têm melhorado, apesar do crescimento econômico acima do esperado, é a visão do banco, segundo o “Broadcast +”.

Além disso, o fato do governo manter uma postura fiscal expansionista, ao passo que a economia brasileira já sinaliza uma desaceleração, contribui para os juros mais altos, considerando também os riscos inflacionários, dizem os economistas do Itaú.

A análise apontou que a melhora mais consistente do prêmio de risco e dos ativos domésticos depende de uma trajetória mais equilibrada da dívida pública. 

Para que a dívida pública sofra a redução esperada, uma alternativa possível, segundo o Itaú,  seria apertar os parâmetros do arcabouço fiscal, principalmente em termos de redução do limite de crescimento das despesas.

“Medidas que melhorem a perspectiva fiscal, com reforço das regras vigentes e proposição de novas medidas críveis que melhorem a trajetória esperada da dívida pública, serão fundamentais para afastar o perigo de descontrole inflacionário”, observaram os economistas no relatório.

Itaú BBA avalia quem perde e ganha com polêmica da venda de remédios

A proposta do governo de aprovar a venda de medicamentos em supermercados, para aqueles que não precisam de receita médica, além de ter gerado polêmica, poderia ser negativa para as farmácias, conforme avaliou o Itaú BBA. O banco apontou que o negócio pode gerar uma redução de até 15% nas receitas da RD Saúde (RADL3), Pague Menos (PGMN3) e Grupo Panvel (PNVL3). 

Enquanto isso, no segmento de varejo de alimentos, a medida poderia trazer lucros adicionais, na visão do Itaú BBA. 

A possibilidade de venda em supermercados de medicamentos que não necessitam prescrição médica, seria uma forma de combater a inflação mais alta dos alimentos. No entanto, ainda é uma proposta inicial e precisará passar pelo Congresso Nacional.

Na avaliação do Itaú BBA, não há um cenário em que essa medida poderia ajudar a reduzir a inflação de alimentos, porque é difícil supor que as redes de supermercados irão transferir esse lucro adicional para preços mais baixos de alimentos.

Em paralelo a isso, haveria regulamentações sanitárias mais rigorosas para as varejistas de alimentos, caso passassem a vender medicamentos. Com isso, a lucratividade poderia sofrer um impacto, porém, essa categoria de remédios geralmente oferece margens brutas mais altas, de 30% a 35%, em comparação com 16% a 20% para o varejo de alimentos.