O Itaú Unibanco (ITUB4) acredita que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central deve iniciar o processo de queda da Selic com “cautela” nesta semana. A reunião que irá decidir se haverá ou não corte da taxa de juros ocorrerá nos próximos dias 1º e 2 de agosto.
Em relatório, o Itaú escreveu que espera uma redução de 0,25 ponto porcentual, apesar da curva de juros de mercado já contemplar a possibilidade de um movimento mais intenso.
A expectativa do banco brasileiro de um começo com redução moderada da Selic se deve à dinâmica de núcleos e expectativas de inflação ainda acima da meta e resiliência na atividade econômica e no mercado de trabalho.
“Ciclos anteriores que começaram com cautela foram bem-sucedidos em levar a inflação para próximo da meta, possibilitando um equilíbrio final de juros mais baixos por mais tempo, e domando as expectativas inflacionárias”, escreveram os analistas da instituição financeira.
Ainda de acordo com o Itaú, cautela no início do processo de flexibilização da Selic também penaliza menos a taxa de câmbio. Por ser uma moeda historicamente de carrego alto, o real tende a se desvalorizar após o primeiro recuo da Selic. “Um início de corte mais cauteloso pode atenuar esse efeito”, estimam.
Haddad diz que economia sofre com juro real de mais de 10%
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), defendeu mais uma vez um início mais intenso do ciclo de cortes dos juros pelo Banco Central. Ao comentar sobre a elevação da nota de crédito soberano do Brasil pela agência de classificação de risco DBRS Morningstar, Haddad disse que o trabalho do governo tem sido reconhecido, mas que a economia sofre com o alto patamar de juros no país.
“Penso que, às vésperas de uma semana importante, que é a primeira reunião do semestre do Copom, o mundo inteiro compreendeu que está acontecendo coisa boa no Brasil e que o rumo dado na direção da agenda econômica vai ao encontro do que o Brasil precisa”, afirmou Haddad na última sexta-feira (28).
“Saíram dados do desemprego hoje, que está em queda. Mas não devemos nos iludir com isso. Apesar da taxa estar abaixo da média para este mês, a economia está sofrendo processo de desaceleração por conta do juro real na casa de 10%, que é mais que o dobro do que paga o país depois do Brasil”, acrescentou.
Segundo o petista, há espaço para “um início de cortes razoável”. Questionado se tem um número na cabeça, Haddad pontuou que a decisão é da autoridade monetária, mas também reiterou: “Se nós quisermos atingir patamar de juro neutro, teremos que cortar 5 pontos percentuais, o que dá dez Copons de 0,5 ponto. Dez Copons é quase o final do mandato do atual presidente do BC, que tem 12 Copons. Então dá para ficar muito à vontade e ainda chegará acima daquilo que seria considerado juro neutro pelo próprio BC”.