Em um relatório recente, os estrategistas do JPMorgan, Emy Shayo e Cinthya Mizuguchi, questionaram se é o momento de revisar o otimismo em relação ao Brasil, considerando diversos eventos que aumentaram o risco de intervenção política em empresas do país, além do cenário externo.
Apesar desses desafios, eles optaram por manter uma visão positiva em relação às ações brasileiras.
As estrategistas observam que o discurso recorrente do JPMorgan para justificar sua posição overweight (acima da média do mercado) no Brasil tem se baseado em três principais pontos:
1) a perspectiva de taxas de juros mais baixas;
2) valuations atrativos e;
3) uma redução gradual dos riscos políticos, ou desalavancagem política.
No atual cenário de mercado, os estrategistas consideram que revisar o discurso é uma ação válida por dois motivos.
Revisão do JPMorgan
Em primeiro lugar, apesar da expectativa de cortes nas taxas de juros nos países desenvolvidos começarem por volta do meio do ano, os dados econômicos dessas nações estão cada vez mais sugerindo que tais cortes podem ser adiados.
“Revisamos novamente o PIB dos EUA para 2,3% este ano, e uma inflação rígida é um risco significativo para limitar a flexibilização. O ritmo dos cortes poderá muito bem ser mais lento do que esperamos nos EUA – o mercado avalia agora apenas cerca de 75 pontos-base (pb) de cortes pelo Fed este ano, em comparação com a nossa previsão de 125 pb”, avaliam.
Um Federal Reserve (Fed) sensível aos dados econômicos, aliado à valorização do dólar, poderia limitar a margem para a flexibilização dos mercados emergentes no segundo semestre de 2024.
O segundo aspecto é que a queda na popularidade do presidente do Brasil pode intensificar os debates internos do governo sobre a necessidade de aumentar o ativismo político em níveis macro e micro, visando recuperar os índices econômicos.
Analisando o panorama macroeconômico, Emy e Cinthya destacam que há desenvolvimentos positivos para o Brasil.
O JPMorgan revisou recentemente sua projeção de crescimento do PIB de 1,6% para 2,2% em 2024, mantendo a expectativa de uma inflação de 3,5% até o final do mesmo ano, o que representa apenas um acréscimo de 50 pontos base em relação à meta do Banco Central.