Política monetária

Juros altos deve desacelerar economia a partir do 2º trimestre, diz IFI

De acordo com relatório do IFI, a partir do segundo semetre o consumo e o investimento devem começar a sentir os impactos dos juros altos

Foto: Real / CanvaPro
Foto: Real / CanvaPro

A partir do segundo trimestre deste ano, a atividade econômica do país deve começar a desacelerar, devido à elevação da taxa de juros, que já chegou a 14,25% ao ano, segundo análise da IFI (Instituição Fiscal Independente) divulgada nesta quinta-feira (20).

Com o impacto sobre o consumo e o investimento, a economia deve desacelera com as altas taxas de juros e o crescimento mais fraco da massa salarial esperado para este ano, apesar da expectativa de um impulso para o começo deste ano com a safra recorde em curso.

“O desempenho do IBC-Br em janeiro indica que a atividade econômica deverá ganhar impulso no primeiro trimestre de 2025, liderada pelo setor agropecuário. No entanto, a deterioração dos indicadores de confiança sugere uma tendência de desaceleração ao longo do ano”, apontou a IFI, segundo o “CNN Brasil”.

Na esteira dos dados que apontam os rumos da economia brasileira, o indicador considerado a prévia do PIB (Produto Interno Bruto), o IBC-Br, teve alta expressiva de 0,9% em janeiro, puxado, sobretudo, pelo agronegócio, segundo o BC (Banco Central).

“A economia continuou operando acima de sua capacidade potencial no começo de 2025, mas deve perder ritmo a partir do segundo trimestre, após o impulso inicial da safra agrícola recorde“, consta no relatório.

“A desaceleração reflete o impacto da elevada taxa de juros sobre consumo e investimento, além do menor crescimento da massa salarial ampliada, que tende a se enfraquecer, mesmo considerando os efeitos positivos do aumento real do salário mínimo e da recente liberação de R$ 12 bilhões do FGTS (saque-aniversário)”, disse.

Juros altos só prejudicam a economia, afirma CNI

O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu elevar a Selic (taxa básica de juros) em 1 ponto percentual, levando a taxa a 14,25% ao ano, nesta quarta-feira (19), o que a CNI (Confederação Nacional da Indústria) considera não ser necessário para controlar a inflação e deve ser prejudicial ao ritmo de crescimento da economia. Este é o maior patamar dos juros desde 2016.

“O nível atual da Selic, que implica taxa de juros real de 8,5% a.a. (3,5 p.p. acima da taxa neutra estimada pelo Banco Central), já tem impactado fortemente a economia, que apresenta desaceleração mais aguda do que a prevista, tanto pela CNI, como por diversos analistas econômicos. Essa desaceleração intensa da economia já seria suficiente para controlar a inflação”, avaliou Ricardo Alban, presidente da CNI

Na avaliação da Confederação, as expectativas sobre a inflação já estão sendo influenciadas pela perda de fôlego econômico. De acordo com a pesquisa Focus, do BC (Banco Central), a inflação esperada para os próximos 12 meses passou de 5,49%, na mediana apurada em 28 de fevereiro, para 5,23%, na mediana apurada em 14 de março.

O fato do PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre de 2024 ter crescido abaixo do esperado foi o ponto central da mudança. Além disso, o aperto monetário em curso já se traduz em aumento efetivo da taxa de juros dos tomadores de crédito, segundo a CNI.

A Confederação ressaltou que os efeitos das quatro altas da Selic sequer tinham se materializado plenamente, uma vez que há uma defasagem temporal entre a alteração nos juros básicos e o impacto na economia.

Por fim, a política fiscal avançando em ritmo menor também tende a provocar a desaceleração da atividade econômica, junto com a desaceleração do mercado de trabalho em 2025.