
Mesmo sem sinalizar um corte da Selic já em janeiro de 2026, a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de manter a taxa básica em 15% ao ano abriu espaço para queda nos rendimentos dos títulos públicos. Após o anúncio, as taxas do Tesouro Direto passaram a recuar, especialmente nos papéis atrelados à inflação.
Nesta sexta-feira (12), os títulos do Tesouro IPCA+ voltaram a se aproximar das mínimas observadas antes do aumento do ruído político, que havia levado os juros reais novamente para perto de 8% ao ano. O movimento reflete uma combinação de menor pressão política e expectativas mais firmes de início do ciclo de cortes de juros nos próximos meses.
Juros reais recuam ao longo da curva
O Tesouro IPCA+ 2029, por exemplo, saiu de 7,98% acima da inflação na chamada “super quarta” da política monetária para 7,82% ao ano na manhã desta sexta. Já o Tesouro IPCA+ 2035 recuou de 7,01% para 6,89%, enquanto o papel mais longo da plataforma, o IPCA+ 2050, passou de 7,02% para 6,88% ao ano.
Com isso, os juros reais voltam a níveis mais compatíveis com o cenário observado antes das incertezas políticas recentes contaminarem os preços dos ativos domésticos.
Menos ruído político, mais foco em juros
Na avaliação do mercado, parte da melhora vem da redução do estresse político. Embora Flávio Bolsonaro tenha reafirmado sua pré-candidatura, investidores veem o gesto mais como estratégia política do que como definição para 2026.
Ainda assim, o principal fator por trás da queda dos juros é a leitura sobre a política monetária. Mesmo com o Copom evitando antecipar cortes, a percepção predominante é de que o início do ciclo de afrouxamento está próximo. Caso não ocorra em janeiro, o mercado já trabalha majoritariamente com um primeiro corte em março.
Mercado projeta cortes mais intensos em 2026
Com Selic alta, inflação controlada e atividade em desaceleração, aumentam as apostas de que o BC acelerará os cortes em 2026. O Focus projeta Selic de 12,25% no fim de 2026, queda de 2,75 pontos. Para isso, o Copom precisaria alternar cortes de 0,25 e 0,50 ponto ao longo do ano.