Ibovespa abre em queda de olho nos dados do payroll; dólar cai
Ibovespa abre em queda de olho nos dados do payroll/Foto: Freepik

O payroll dos EUA de novembro registrou criação líquida de 64 mil vagas, acima da projeção de 50 mil, segundo análise de William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue. “Esperava uma criação de 50 mil, veio 64”, afirmou.

Para ele, o relatório publicado com atraso trouxe uma atualização conjunta de outubro e novembro, mas o dado mais observado foi o de novembro.

Mercado de trabalho nos EUA tem queda no setor público e ajuste nos meses anteriores

Castro Alves separou os movimentos de cada mês para evitar leitura única. Sobre outubro, ele apontou que a perda líquida de empregos foi impactada por cortes no setor público: “Você teve um corte de 162 mil postos de trabalho… em outubro, e mais 6 mil em novembro”. Ainda segundo o estrategista, o setor privado manteve contratações, enquanto o setor público puxou a distorção do mês.

O relatório também trouxe revisão para agosto. “Os números de agosto foram revisados para baixo”, disse, ao mencionar um ajuste que indica perda maior do que a contagem inicial.

Desemprego e dinâmica “low hire and low fire” entram no radar do Fed

A taxa de desemprego veio acima do esperado: “4,5% esperado, veio em 4,6%”, destacou.

Na leitura do estrategista, o ponto central do relatório foi reforçar uma característica do mercado de trabalho nos EUA: “low hire and low fire”, com empresas mais cautelosas para contratar e para demitir. “O ambiente de volatilidade e incerteza econômica acaba pesando”, afirmou.

Ele também citou a influência de política de fronteira na oferta de mão de obra: com menos imigração, a média de criação de vagas tende a ser menor, o que altera a fotografia do indicador.

Próximo relatório pode guiar expectativa de corte de juros

Castro Alves avaliou que o dado divulgado nesta terça-feira (16) ajuda a desenhar cenário, mas não define decisão imediata do banco central norte-americano. “Esses dados de hoje não geram uma tomada de decisão”, disse.

Para ele, o relatório de dezembro, que sai no início de janeiro, deve ter peso maior na leitura dos próximos passos do Fed. Ainda assim, o conjunto de números reforça uma trajetória: “corroborando a um corte de juros em algum momento”.

No fechamento, o estrategista resumiu a mensagem: o payroll dos EUA não reacende a tese de mercado aquecido e mantém a discussão de corte de juros mais adiante, com atenção redobrada também para os próximos relatórios de inflação.