Febraban

Lula autoriza bancos a formalizar frente no 'Conselhão' para debater juros altos

O presidente da Febraban, Isaac Sidney, declarou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os bancos brasileiros fecharam um acordo

Isaac Sidney/ Foto: Divulgação
Isaac Sidney/ Foto: Divulgação

O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, declarou nesta quarta-feira (16) que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os bancos brasileiros fecharam um acordo para que o “Conselho” de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chamado Conselhão, tenha uma “frente” com foco em debater as “elevadas” taxas de juros do país. No momento, a Selic (taxa básica de juros) está em 10,75% ao ano.

Sidney comentou sobre o assunto em coletiva no Palácio do Planalto, após participar de um encontro de banqueiros com Lula, que também envolveu os presidentes do Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11), BTG Pactual (BPAC11) e Safra.

“Acreditamos que é o momento de aproveitar essa janela com crescimento e inflação controlada para atacar problemas estruturais. Lula nos autorizou a formalizar uma frente no Conselho para debater as taxas de juros elevadas. Aos bancos, não interessam taxas de juros elevados”, disse o executivo, de acordo com o “Valor”.

“Quanto maiores os juros, maiores os riscos de crédito. Queremos que uma economia seja estável, controlada, com taxa de juros baixa. Nosso desejo é que possamos ter juros mais baixos, spread bancário mais baixo, para que possamos democratizar o crédito. Mas as condições para o crédito precisam melhorar”, completou.

Tom populista de Lula reforça percepção de risco, diz especialista 

Em meio à volatilidade dos mercados financeiros, a relação entre o presidente Lula e investidores é cercada de rusgas. Essa relação tem sido marcada por reações intensas, especialmente quando o discurso sugere um aumento nos gastos públicos sem uma clara estratégia de controle fiscal.

É comum que as declarações de líderes políticos sejam frequentemente vistas como termômetros para medir a confiança dos investidores. 

No caso do atual governo, o especialista em finanças e investimentos, Hulisses Dias, abordou que quando Lula adota um tom populista, que sugere maiores gastos públicos sem demonstrar um compromisso com o equilíbrio das contas, o mercado reage aumentando a percepção de risco. Isso leva os investidores a exigir juros mais altos como compensação. 

“O governo Lula, ao adotar uma retórica que diminui a confiança na sua capacidade de controlar as contas públicas, acaba elevando a percepção de risco dos investidores”, explicou o especialista sobre o movimento que afeta diretamente o custo de crédito e os investimentos no país.