
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender ajustes tributários nesta terça-feira (1º), durante cerimônia de lançamento do Plano Safra 2025/2026.
Em discurso realizado em Brasília (DF), Lula adotou postura semelhante à do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ambos afirmaram que o governo busca justiça social e equilíbrio econômico.
“Ninguém está querendo tirar nada de ninguém. Queremos apenas diminuir os privilégios de alguns para dar um pouco de direito pros outros”, disse o presidente.
Lula também comentou sobre o último aumento na taxa Selic, a taxa de juros básica do Brasil. Segundo ele, Gabriel Galípolo, atual presidente do BC (Banco Central), teve pouca influência na decisão.
“Vocês não pensem que eu me conformo com a taxa de juros a 15%. Mas esse aumento já estava dado. O Galípolo está comendo o prato que ele recebeu, não teve tempo de trocar de prato”, disse Lula.
Meta fiscal
O presidente defendeu as políticas de crédito, como o Plano Safra, para o crescimento da economia. Para o ciclo atual, foram confirmados os valores de R$ 516,2 bilhões para a agricultura empresarial.
Lula também afirmou que o ex-ministro da Fazenda, Paulo Guedes, e o ex-presidente, Jair Bolsonaro, foram irresponsáveis do ponto de vista fiscal no último governo e não eram cobrados: “Como é que alguém tem coragem de falar de responsabilidade fiscal durante nosso governo?”
Segundo o atual presidente, enquanto os três Planos Safra do governo anterior somam R$835 bilhões em investimentos, os últimos três ciclos chegam a R$1,722 trilhão.
Plano Safra 2025/26 injeta R$ 78,2 bi e impulsiona agro
O Plano Safra 2025/26 vai liberar R$ 78,2 bilhões para pequenos e médios produtores rurais.
Com esse valor, o governo Lula bate um novo recorde no financiamento à agricultura familiar, superando os R$ 76 bilhões da safra anterior.
A iniciativa reforça o papel estratégico do setor no abastecimento interno e na geração de renda no campo.
Governo amplia crédito e mantém foco no pequeno produtor
O governo destinou R$ 40,2 bilhões para o custeio da produção e R$ 37,9 bilhões para investimentos.
Embora o volume com juros equalizados tenha caído para R$ 43,4 bilhões — abaixo dos R$ 45,4 bilhões da safra passada — o governo busca equilibrar o apoio ao setor com responsabilidade fiscal.
Mesmo assim, o volume total de recursos subiu, o que demonstra um compromisso claro com o fortalecimento da base produtiva.
Plano Safra: crédito para alimentos básicos permanece acessível
Apesar das pressões econômicas, o governo manteve os juros em 3% ao ano para arroz, feijão, leite, mandioca, frutas e verduras. Além disso, reduziu a taxa para 2% nos casos de produção orgânica ou agroecológica.
Com isso, os produtores continuam a acessar linhas de crédito que incentivam a segurança alimentar e a sustentabilidade.
Financiamento de máquinas terá limite maior e juros controlados
O limite para compra de máquinas de pequeno porte dobrou, passando de R$ 50 mil para R$ 100 mil, com juros de apenas 2,5%.
Para equipamentos maiores, o produtor poderá contratar até R$ 250 mil com taxa de 5%.
Assim, o governo estimula a modernização da produção com o Plano Safra, mesmo em um cenário de juros em alta.
Juros sobem para commodities, mas agroecologia segue incentivada no Plano Safra
O plano incluiu uma nova faixa de financiamento para milho, café e frutas de inverno, com taxa de 6,5% ao ano.
Por outro lado, culturas como soja e pecuária de corte pagarão entre 6% e 8%. Ainda assim, o governo preservou taxas reduzidas para mulheres com renda de até R$ 100 mil, jovens agricultores, projetos no semiárido, bioeconomia e agroindústria.