Cúpula da Celac

Lula defende união latino-americana para resistir ao unilateralismo

Lula comentou ser necessário que os integrantes da Celac deixem diferenças de lado para redefinir seu lugar na nova ordem global

O presidente Lula / Foto: Ricardo Stuckert
O presidente Lula / Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quarta-feira (9), que os países da América Latina e Caribe se unam para combater medidas unilaterais que desestabilizem a economia internacional, como tem ocorrido com as tarifas recentemente anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Lula comentou ser necessário que os integrantes da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) deixem diferenças de lado e se concentrem na redefinição de seu lugar na nova ordem global que se apresenta.

“O momento exige que deixemos as diferenças de lado. É preciso resgatar o espírito plural e pragmático que nos uniu no início dos anos 2000 e que levou à criação da Unasul e da própria Celac”, cobrou Lula durante seu discurso na abertura da 9ª cúpula da Celac.

A própria Celac está diretamente no meio dessa disputa, pois há 10 anos a China mantém uma aliança com o grupo. Em maio deste ano, Pequim irá sediar um encontro entre a Celac e o governo chinês, do qual Lula participará.

“Outras regiões se preparam para responder às transformações em curso. É imperativo que a América Latina e o Caribe redefinam seu lugar na nova ordem global que se descortina”, disse o presidente brasileiro.

O Brasil ainda propôs à Celac que os países latinos se unam pela apresentação de um nome latino-americano para a Secretaria-Geral das ONU, já que o mandato do português António Guterres termina em 2026. 

“A Celac pode contribuir para resgatar a credibilidade da ONU elegendo a primeira mulher secretária-geral da organização”, defendeu Lula.

Alguns nomes já circulam para esse cargo, já tendo sido citados inclusive pelos diplomatas brasileiros, como a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, e a ex-vice-presidente da Costa Rica Rebeca Grynspan.

Lula sobre medidas de Trump: ‘não vai dar certo’

Na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as medidas econômicas do presidente dos EUA, Donald Trump, “não vão dar certo”. O petista acredita que o Brasil precisa se manter em equilíbrio para enfrentar as consequências de políticas como o “tarifaço”.

“Eu estou vendo o comportamento do presidente Trump, nos Estados Unidos. Eu não sei o que vocês pensam, mas eu acho que não vai dar certo”, afirmou Lula na abertura do Encontro Internacional da Indústria da Construção, promovido pela Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), em São Paulo.

“Ninguém pega um transatlântico daquele, carregado, e muito carregado, e faz as coisas que estão acontecendo. Ninguém brinca de que o [resto do] mundo não existe”, comentou Lula.

Conforme a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, quase 70 países procuraram o governo dos Estados Unidos para negociar uma redução nas tarifas recíprocas.

Lula avaliou ainda que os anúncios dos EUA afetam a lógica de multilateralismo, livre comércio, globalização e combate ao protecionismo que vigorou nas últimas décadas. 

“E, de repente, o mundo tem um cavalo de pau, em que um cidadão sozinho [Trump] acha que ele é capaz de ditar regras para tudo que vai acontecer no mundo”, prosseguiu o presidente, segundo o “Valor”.

“É importante que nós, brasileiros, [nos] mantenhamos em equilíbrio, para que a gente tome decisão com base nas nossas realidades, para que a gente defina o projeto de país que a gente quer e possa colocá-lo em prática”, disse.