Em visita oficial ao Japão, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, se encontraram com empresários brasileiros do setor de frigoríficos, na tentativa de abrir o mercado japonês e também de ampliar os negócios com o país asiático em outros segmentos.
O presidente e o ministro se reuniram com executivos ligados à Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne).
“Vamos discutir muitos assuntos aqui e espero que a gente consiga convencer o Japão das coisas que o Brasil tem de bom para negociar. Tenho o interesse de, em todas as viagens que fizer, levar empresários, deputados, gente que possa vender. O presidente, o que ele faz é abrir a porta. Mas quem sabe fazer negócio são vocês, não o presidente nem o deputado”, disse Lula.
O fluxo comercial entre os dois países chegou a US$ 17 bilhões em 2011, e hoje recuou para US$ 11 bilhões.
“Significa que, de pronto, a gente tem seis bilhões para recuperar nessa visita. Obviamente que comércio exterior é via de duas mãos. A gente tem que vender e a gente tem que comprar”, afirmou Lula.
Além disso, o presidente comentou que a missão de ampliar os negócios com o Japão considera outros setores como o aeronáutico e o ligado à transição energética.
“Nós estamos percebendo o crescimento da transição energética com o hidrogênio verde, com energia limpa, e o Brasil está dando um salto de qualidade na questão do etanol. A gente está pensando em elevar para 30% a mistura, tanto da gasolina quanto do biodiesel, e vamos conversar com o primeiro-ministro (do Japão, Shigeru Ishiba). Se o Japão usar 10% de etanol na gasolina, é um salto extraordinário, não apenas para que a gente exporte, mas para que eles possam produzir no Brasil”, disse Lula.
Enquanto isso, Fávaro ressaltou que as indústrias brasileiras estão aptas para atender às exigências sanitárias e comerciais feitas pelo Japão. O ministro também destacou que as negociações para exportar a carne bovina brasileira para o país asiático vêm sendo conduzidas há mais de 20 anos.
Lula: ‘não adianta Trump gritar porque não tenho medo de cara feia’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu respeito por parte de Donald Trump, presidente dos EUA, e afirmou que não adianta que o republicano “fique gritando” porque isso não o assusta. No plano de fundo da declaração, o Brasil está tentando manter dialogo com os EUA para um acordo sobre as tarifas de importação ao aço brasileiro impostas pelo republicano.
“Nós não queremos o Brasil para nós, nós queremos o Brasil para vocês”, declarou o presidente Lula ao público presente em evento da montadora Stellantis, em Betim (MG).
“E é por isso que eu digo sempre: não adianta o Trump ficar gritando de lá porque eu aprendi a não ter medo de cara feia. Fale manso comigo, fale com respeito comigo, porque eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado”, continuou.
Lula fez os comentários um dia depois de o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, ter afirmado, em entrevista à rádio CBN, estar buscando um entendimento “ganha-ganha” com os EUA nas discussões tarifárias.
O Brasil é o segundo maior exportador de aço para país norte-americano, atrás apenas do Canadá.