O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) garantiu, na última sexta-feira (18), compromisso com o controle das contas públicas e disse ter ficado feliz com a carta aberta de economistas que alertaram para o risco de subestimar reações adversas do mercado financeiro, já que vão contra a responsabilidade fiscal.
Em entrevista ao lado do primeiro-ministro português, António Costa, em Lisboa, Lula afirmou ser humilde e disse que sabe seguir bons conselhos.
“Fiquei feliz ao saber de uma carta de pessoas importantes me alertando sobre problemas econômicos e dando sugestões. Eu sei ouvir conselhos e, se fizer sentido, seguir”, disse o petista, segundo a agência de notícias “Reuters”.
Lula disse, ainda, que não há razão para o temor do mercado em relação ao futuro governo na questão fiscal, dizendo que vai combinar o atendimento da população com a responsabilidade fiscal.
“Eu fui eleito para cuidar de 215 milhões de brasileiros, sobretudo as pessoas mais necessitadas, e eu já dei demonstrações de que responsabilidade fiscal a gente aprende em casa e eu aprendi com a minha mãe”, acrescentou.
Carta dos economistas a Lula: “Vai cair a Bolsa? Aumentar o dólar? Paciência?”
Os economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan publicaram uma carta aberta na sexta-feira direcionada ao presidente eleito no jornal “Folha de S. Paulo”. A publicação aconteceu após falas de Lula sobre o mercado financeiro, a Bolsa e o dólar.
Na carta, com o título “Vai cair a Bolsa? Aumentar o dólar? Paciência?” (em alusão a fala de Lula na COP27), os economistas concordaram com as preocupações e problemas sociais trazidos por Lula, mas destacaram que a falta de responsabilidade fiscal pode afetar ainda mais os mais pobres.
“É preciso que não nos esqueçamos que dólar alto significa certo arrocho salarial, causado pela inflação que vem a reboque. Sabemos disso há décadas. Os sindicatos sabem”, escreveram os economistas na carta ao presidente Lula.