Um “barulho interno” gerado pelo governo com incertezas sobre o compromisso de fazer um ajuste fiscal efetivo, foi o que levou à alta dos juros, à desvalorização do real e à pressão inflacionária sobre a economia brasileira, disse Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual (BPAC11).
“Estamos em um período de perda de credibilidade em relação à vontade do governo de controlar as contas públicas. O governo está perdendo a credibilidade da sua política econômica”, declarou o ex-secretário do Tesouro Nacional.
Mansueto esteve em palestra na sede da ACRJ (Associação Comercial do Rio de Janeiro). O executivo do BTG também avaliou que o governo deu ao mercado uma série de sinais trocados sobre o ajuste fiscal, o que contribuiu, segundo ele, para a saída de US$ 50 bilhões da bolsa no ano passado.
No entanto, o movimento não deve se repetir em 2025, em sua visão. “Quem tinha que sair já saiu”, disse.
Em paralelo a isso, quanto à eleição de Donald Trump como presidente dos EUA, Mansueto afirmou que o cenário internacional está mais incerto com a chegada do republicano à Casa Branca.
Porém, no cenário doméstico, ele atribuiu o câmbio desfavorável a movimentos políticos internos.
“A piora tão grande que teve de juros, de inflação e da nossa moeda perder valor foi por causa do barulho interno que a gente criou”, disse o economista do BTG, segundo o “Valor”.
“Se a gente descontar o que foi de barulho interno, era para o câmbio estar hoje em R$ 5,40, R$ 5,50. Ele está em R$ 6 por causa desse barulho doméstico que a gente criou”, acrescentou.
BTG: cenário econômico mais adverso exige ajustes fiscais, diz Mansueto
O cenário econômico do Brasil se tornou mais crítico, avaliou Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro e atual economista-chefe do BTG Pactual (BPAC11). Segundo ele, o governo precisa promover ajustes estruturais na política fiscal para enfrentar os desafios atuais.
“A trajetória é de alta de juros e inflação. No início do ano, o mercado projetava uma inflação de 3,5%, mas estamos caminhando para algo próximo de 5%. Para 2025 e 2026, último ano deste governo, a pesquisa Focus indica que a inflação também está se distanciando da meta de 3%”, destacou Almeida.
Ele reforçou que, diante desse cenário mais adverso, medidas fiscais estruturais são essenciais. “A economia piorou mais do que o mercado previa no início do ano, quando havia um otimismo exagerado. Naquele momento, a inflação projetada era de 3,5%, com juros entre 8,5% e 9%. Hoje, o cenário é muito diferente”, completou.