Economia

Mercado imobiliário: especialistas projetam ‘boom’ no setor em 2024

O controle da inflação, com o afrouxamento monetário, é um dos fatores que trazem otimismo para os especialistas ouvidos pelo BP Money

A recuperação real do rendimento das famílias, somado às perspectivas de aumento do crédito e o controle da inflação, com o afrouxamento monetário, são um dos fatores que trazem otimismo para os especialistas do setor imobiliário ouvidos pelo BP Money. De acordo com as análises, há uma expectativa de que o mercado imobiliário braisleiro em 2024 amplie os resultados alcançados no ano que se encerrou e esperam o ‘boom’ do setor.

A economista da Cy Capital, Eliane Teixeira, aponta que o cenário macroeconômico nacional pode ser um catalisador para impulsionar o mercado. Ela cita a poupança das famílias, que pode ser medida pela relação entre a renda nacional disponível e o consumo das famílias, e está em patamar superior ao observado nos anos anteriores.

“Além disso, temos o crédito com perspectivas de aumento. No último relatório trimestral de a inflação divulgado pelo Banco Central, houve uma revisão das projeções para 2024, com aumento de 8,5% para 8,8% no saldo de crédito total, e de 9,3% para 9,7% no saldo de crédito direcionado, onde se enquadra o financiamento imobiliário”, completa a profissional.

Para o cofundador e CEO do Meu Imóvel, Rafael Machado, as expectativas também são de progresso, ao passo que destaca que, neste ano, o mercado imobiliário deve ter um comportamento melhor frente ao do ano anterior. Ele compara o cenário atual com o enfrentado no ano passado, ressaltando o momento atual como favorável.

“Em 2023, houve uma avaliação inicial de que teríamos um crescimento das vendas em função da queda dos juros, porém, isso acabou não se concretizando, principalmente para a classe média e média/alta. Além de flutuações nas curvas de juros futuros, que ainda não cederam de maneira mais forte, houve um aumento nos preços de vendas, o que gerou uma lacuna entre preço e poder de compra”, relembra.

Ambos especialistas avaliam de maneira promissora o controle inflacionário. Em 2023 o  Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medidor oficial da inflação, finalizou o ano abaixo do teto da meta pela primeira vez desde de 2020.

“A inflação está sob controle, dentro do intervalo de metas, e o ciclo de afrouxamento monetário, com queda da taxa de juros básica da economia, vem ocorrendo e vai continuar nesse processo ao longo de 2024. Isso, aos poucos, vai se refletindo também em uma queda das taxas de juros de financiamento imobiliário”, explica Eliane Teixeira. 

Mercado imobiliário: preço de venda sobe 5,13% em 2023

O índice que acompanha os preços de imóveis residenciais e comerciais, Fipe/Zap, ficaram cerca de 16,16% mais caros em 2023. A performance deste ano apresentou uma leve queda em relação a 2022, que registrou um crescimento de 16,55%, marcando o maior aumento em 11 anos. No que tange o preço médio de venda, houve uma alta de 5,13% nos últimos 12 meses.  

Para José Eduardo Pizzotti Machado, Cofundador e CFO da plataforma Meu Imóvel, esses dados reforçam que as ofertas e demandas de imóveis estão mais equilibradas, visto que os preços dispararam na pandemia e agora o mercado volta a ser mais racional. 

A economista Eliane Teixeira explica que os preços do mercado imobiliário foram muito impactados pela escalada do INCC ao longo da pandemia em 2020 e 2021, que aumentou bruscamente os custos da construção de imóveis.  “Como esse índice reajusta os preços dos contratos de imóveis na planta, tivemos reflexos sobre o mercado imobiliário como um todo”, avalia.

“Conforme o tempo vai passando, esse efeito do aumento dos custos da construção, ele vai se dissipando. Pensando nesse horizonte de 2024, o índice FIPSAP de venda de imóveis no Brasil deve permanecer relativamente estável nesse patamar observado. Recentemente”, completa.

Para esse ano, a especialistas analisa que o setor imobiliário tem potencial para aquecer esse ano. 

“Com a ampliação dos valores destinados ao FGTS e a potencial reversão da captação da poupança, que deve passar a ter fluxos positivos com a queda da taxa de juros esse ano, a gente pode ter um 2024 ainda mais favorável para o setor”, disse.

Machado, por sua vez, completa afirmando que a alta já era projetada e reflete o potencial para ampliação dos negócios, refletindo mais equilíbrio entre oferta e demanda para 2024.

“Os fatores que ditarão o ritmo em 2024 são a dinâmica da taxa de juros, o equilíbrio econômico local, renda e emprego – fatores determinantes na confiança para quem vai investir em um imóvel”, explica. 

Capital paulista destaca-se no setor imobiliário

Rafael Machado classifica São Paulo como uma das mais interessantes para fazer negócios imobiliários. Em sua análise, a cidade que historicamente esteve na vanguarda em termos de novos empreendimentos e transações imobiliárias.

“A capital que sempre liderou os lançamentos e vendas foi e continuará sendo São Paulo, devido a sua ampla oferta de negócios e serviços”, disse.

O profissional justifica afirmando que a cidade é a capital com maior população, onde se concentram as melhores distribuições de rendas. Além de ser a cidade em que se encontram as maiores empresas e o maior mercado de trabalho. 

“Também possui condições geográficas que facilitam a expansão e crescimento dos bairros, e é uma cidade com alto índice de verticalização imobiliária”, citou.