Taxa de juros a 11,25%

Mercado indica alta da Selic para conter inflação e pressão cambial

O aumento das preocupações sobre o risco fiscal tem impulsionado a alta do dólar nas últimas semanas

Foto: Canva
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reuniu na última terça-feira (5), e nesta quarta-feira (6), para decidir sobre a nova taxa básica de juros (Selic) do País. A maioria dos especialistas, segundo levantamento da reportagem do BP Money, esperam uma elevação de 0,5 ponto percentual, levando a Selic para 11,25%. 

No entanto, com o aumento das preocupações sobre o risco fiscal – que, entre outros efeitos, impulsionou a alta do dólar nas últimas semanas – surgem incertezas quanto às próximas ações do Banco Central

Para muitos analistas, o cenário aponta para juros ainda mais altos como forma de conter a inflação e atingir a meta estabelecida.

Segundo Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Investimentos, é esperado um aumento de 50 bps na Selic, para 11,25%, com a decisão sendo tomada por unanimidade. 

“A piora no balanço de riscos justifica a aceleração no ritmo de aperto monetário. O aumento das preocupações fiscais, o ambiente internacional adverso e a depreciação do real são fatores que sustentam essa decisão do Copom”, afirma Goldenstein. 

O especialista destaca que a combinação de fatores internos e externos reforça a necessidade de uma postura mais firme do Banco Central para ancorar as expectativas de inflação, ainda em alta.

Para Hulisses Dias, especialista em finanças, a política monetária deve continuar restritiva, considerando as pressões sobre os preços de alimentos e serviços, além do impacto do câmbio. 

“A expectativa predominante é de que o Banco Central aumente a Selic em 0,50 ponto percentual, levando a taxa para 11,25% ao ano. A postura do Banco Central deve seguir dura no curto prazo, sem antecipar o nível final da taxa, embora o mercado aponte para um encerramento do ciclo próximo de 12%”, explica Dias, ressaltando a importância das eleições americanas, que geram incertezas sobre o comportamento do dólar e os fluxos de capital, e impactam a inflação no Brasil.

Renda fixa se destaca em cenário de juros altos

Com a Selic em níveis elevados, Octávio Gomes, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, acredita que o momento é oportuno para o investimento em títulos atrelados ao CDI, principalmente pós-fixados, que tendem a refletir as altas da taxa básica de juros nas próximas reuniões. 

“Para o investidor, essa é uma oportunidade de obter rendimentos próximos ou até superiores a 1% ao mês com o mínimo de risco. Os papéis de crédito bancário, por exemplo, têm atendido bem essa expectativa de rentabilidade para perfis mais conservadores, especialmente dentro dos limites do FGC”, diz Gomes.

O executivo também recomenda cautela em investimentos com prazos longos, destacando que, com novas eleições previstas para o Brasil em dois anos, o cenário pode mudar substancialmente. “O foco deve ser em papéis de prazo mais curto, de até dois anos, para que o investidor não fique exposto a uma eventual alteração de política econômica ou fiscal”, sugere.

Bolsa de valores: impactos negativos com alta da Selic

O aumento da Selic, embora seja uma oportunidade para a renda fixa, representa um desafio para a Bolsa de Valores, que deve enfrentar maior aversão ao risco entre os investidores.

De acordo com Idean Alves, planejador financeiro, o aumento da Selic eleva a taxa de desconto utilizada nas avaliações de empresas, o que reduz o valor das ações e dificulta a atratividade da renda variável. 

“A alta dos juros afeta especialmente setores que dependem de crédito ou que estão altamente endividados, elevando seus custos de financiamento e, consequentemente, impactando o valuation”, afirma Alves.

Ele enfatiza que, em momentos de incerteza, a liquidez é uma ferramenta essencial para o investidor. “A melhor amiga do investidor em cenários de incerteza é a liquidez, afinal, ‘caixa é rei’”, observa Alves, acrescentando que a volatilidade traz oportunidades, mas estas só serão aproveitadas por quem possui caixa disponível.

Oportunidades e cautela para o investidor 

Para a maioria dos especialistas, o cenário de alta de juros exige cautela. “Esse momento exige uma estratégia diversificada e bem planejada. Com a alta da Selic, é essencial avaliar bem os ativos e manter posições em investimentos pós-fixados, evitando ativos de prazo muito longo devido ao cenário incerto”, aconselha Goldenstein. 

A expectativa de aumento da Selic coloca o Brasil em um cenário de juros altos, o que, embora seja desfavorável para o crescimento econômico, pode gerar ganhos consistentes para investidores na renda fixa.

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