A disparidade econômica entre os países envolvidos no acordo entre Mercosul e União Europeia pode aumentar o risco de dependência econômica. “Nações com economias mais frágeis, como Paraguai e Uruguai, podem se tornar mais dependentes de mercados economicamente dominantes, como Alemanha e França”, disse Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio.
“Essa dependência pode levar a um desequilíbrio nas relações comerciais, especialmente se medidas que protejam economias menores não forem adequadamente implementadas”, acrescentou Monteiro.
Anunciado na última sexta-feira (6), o acordo de livre comércio tornou-se conhecido durante a cerimônia ocorreu em Montevidéu, Uruguai. A notícia causou reações adversas, mas, no geral, as tratativas devem beneficiar o Brasil.
A questão é que economias mais fortes podem atrair e controlar uma parte significativa dos investimentos internacionais dentro de blocos econômicos. “Certamente, países menores se tornam dependentes de capital e tecnologia fornecidos pelas nações mais desenvolvidas”, comentou Gustavo Valente, CEO da Sinergy Advisors.
O Mercosul é composto por quatro países membros, com Brasil e Argentina se destacando como economias fortes. Já a União Europeia possui 27 países membros, entre os quais se destacam Alemanha, França, Itália e Espanha como economias com interesse estratégico no acordo.
Acordo entre Mercosul e UE gera reações diversas no mercado
Segundo especialistas, enquanto alguns setores veem a possibilidade de crescimento e internacionalização, há receios em relação à competitividade e aos impactos em economias locais.
“A agricultura, por exemplo, é um dos segmentos mais sensíveis a essas mudanças, enfrentando questionamentos sobre a concorrência com produtos importados, apesar de existirem salvaguardas para o setor automotivo”, pontuou Gustavo Valente, CEO da Sinergy Advisors.
Como afeta o Brasil?
Para o Brasil, de acordo com especialistas, o acordo representa um crescimento de 0,34% no PIB (Produto Interno Bruto) nacional nos próximos vinte anos. Além disso, o negócio também geraria um aumento do fluxo de comércio com a Europa de 5,1% (R$ 94,2 bilhões).
“Se concluído, o acordo criaria uma das maiores áreas de livre-comércio do planeta, formando um mercado consumidor de 718 milhões de pessoas, espalhadas por mais de 30 países, que, juntos, ultrapassariam os US$ 22 trilhões de PIB”, afirmou Conrado Ottoboni Baggio, professor de Relações Internacionais da Universidade Cruzeiro do Sul.
Além disso, muitos especialistas apontam que esse acordo significa um impulso para o Mercosul, que vem sofrendo com desencontros constantes entre os governos argentino e brasileiro.