Mesmo com o surgimento intenso de temores fiscais pressionando o aumento do dólar nas últimas semanas, os analistas têm evitado mudar as estimativas para a taxa de câmbio, prevendo algum alívio nas tensões em Brasília e também citando efeitos dos juros mais altos e dos preços das commodities. As informações são da Reuters.
No período entre a mínima de 29 de julho e a máxima de agosto (do dia 9), o dólar futuro registrou alta de 5,4%, com a moeda saindo de 5,04 reais para pouco acima de 5,31 reais. Nesta sexta, a valorização ainda é de 4%, com a taxa de câmbio em torno de 5,23 reais por dólar.
As preocupações com as contas públicas vieram à tona em 30 de julho, depois de o ministro da Economia, Paulo Guedes, dizer que a equipe econômica havia verificado desde o ano passado aumento atípico de uma outra despesa pública que poderá demandar uma reação por parte do governo.
Posteriormente, divulgou-se que esse gasto era referente aos precatórios, que somariam em torno de 89 bilhões de reais para 2022.
O ministro, então, propôs parcelamento dos pagamentos sob certos critérios, o que liberaria espaço no Orçamento para acomodar um Bolsa Família turbinado – em uma estratégia do governo Bolsonaro para recuperar popularidade, já de olho nas eleições de 2022.
No entanto, a proposta sobre os precatórios, foi bastante mal recebida por investidores, com alguns avaliando que se tratava na prática de uma pedalada fiscal.
Paralelamente, o governo continuou insistindo num Bolsa Família de valores maiores, com um aumento mínimo médio de pelo menos 50% no benefício.
Além disso, os textos da reforma do Imposto de Renda também causaram estresse nos preços dos ativos, já que implicam menor arrecadação pelo governo, o que também ocorreria com um novo Refis aprovado pelo Senado.