Buscando criar uma alternativa aos aplicativos de transporte, que têm enfrentado reclamações de usuários de dificuldade de conseguir corridas, grupos de motoristas passaram a criar plataformas próprias.
Em Belo Horizonte, três motoristas criaram o aplicativo 7Move. A ideia foi pensada a partir dos interesses e experiências do grupo com os aplicativos tradicionais. A plataforma tem a proposta de não cobrar taxas sobre as corridas realizadas, mas sim um valor fixo mensal.
“O primeiro mês do motorista é gratuito, para ele conhecer o sistema, do segundo ao sexto mês ele paga R$ 30 mensais, e a partir do sétimo mês ele passa a pagar R$ 30 por semana, o que dá R$ 120 por mês”, explica Rodrigo Vieira, um dos criadores do aplicativo na capital de Minas Gerais.
Em funcionamento desde junho, a plataforma atua hoje na capital mineira e mais dez cidades vizinhas. De acordo com a empresa, há 2.000 motoristas e quase 10 mil passageiros cadastrados.
Rodrigo afirma que ainda em setembro a plataforma passará a atender toda a região metropolitana de Belo Horizonte e as cidades de Sete Lagoas, Itabirito, Itaúna e Santa Bárbara.
Um dos motoristas que aderiu à Move é Fábio Almeida, que trabalha como motorista de aplicativos desde 2016. Ele leu sobre a nova plataforma no jornal e, descontente com as taxas cobradas pelos demais, decidiu testar a novidade.
“A 7Move trouxe uma proposta inovadora, no meu ponto de vista. Os valores são todos nossos, a gente paga uma taxa que é irrisória perto das outras plataformas”, diz ele.
Já o servidor administrativo Edy Ramos relatou que o aplicativo trava um pouco durante o uso, mas ainda assim considerou sua experiência positiva ao conseguir um carro rápido e por um bom preço. “Uma corrida que faço da minha casa, no bairro Amazonas, para a estação Eldorado do metrô, eu estou pagando quase R$ 15 nos outros aplicativos, nele eu paguei R$ 8”.
Em Campo Grande (MS), o aplicativo Mou Driver tem a mesma proposta de cobrar um valor fixo mensal dos motoristas. Além disso, o valor das viagens para os passageiros é padronizado, sem grandes variações de acordo com os horários de pico, como é comum em outros apps.
“A ideologia do nosso negócio é fazer uma tarifa mais justa para o passageiro e mais lucrativa para o motorista. O nosso grupo não concorda que a plataforma, a empresa, ganhe sobre o faturamento do motorista”, afirma Luciano Alves, um dos criadores e administrador do Mou Driver.
No Sergipe, o i-mobile surgiu a partir da organização de motoristas que inicialmente haviam se articulado em uma associação, depois transformada em cooperativa, para fornecer pontos de abastecimento por um valor mais acessível.
Josean dos Santos, presidente da ASMAA (Associação Sergipana dos Motoristas Autônomos por Aplicativos), afirma que a ideia surgiu de uma insatisfação dos motoristas com os aplicativos com os quais trabalhavam. O aumento do preço dos combustíveis, do seguro e da manutenção dos veículos agravou a situação, diz ele, levando o grupo a criar sua própria plataforma.
O i-mobile cobra uma taxa de 10% sobre as corridas realizadas. Segundo a empresa, há 1.872 motoristas e 6.000 passageiros cadastrados. A plataforma atua em Aracaju e mais 36 municípios de Sergipe, Itapetinga (BA) e Fortaleza (CE).
Na semana passada, Uber e 99 anunciaram aumento no repasse a motoristas devido à alta nos preços de combustíveis. Na 99, o aumento foi de 10% a 25%, válido para mais de 20 regiões metropolitanas, incluindo Belo Horizonte, São Paulo, Salvador e Brasília. Na Uber, o reajuste será de até 35%.