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(Foto: Shutterstock/reprodução/Money Times)

A semana de 26 de outubro a 1 de novembro foi marcada por pelo apetite por risco na bolsa brasileira e pelo impacto dos EUA, tanto pela atuação diplomática de Donald Trump quanto pela divulgação da nova taxa de juros do país.

Com o shutdown, os EUA postergaram novamente a divulgação dos dados de emprego do país, o que vira os holofotes da semana de 2 a 7 de novembro para a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária).

Semana que passou: recordes e negociações

Um dos fatos mais marcantes da semana iniciada em 26 de outubro é que o Ibovespa bateu recorde de fechamento em todos os pregões. No último de outubro e da semana, nesta sexta-feira (31), o principal índice acionário brasileiro terminou com alta de 0,51%, aos 149.540 pontos, impulsionado pelo balanço da Vale (VALE3) e pelos dados de desemprego, que chegou ao menor nível da série histórica.

O clima de otimismo começou ainda no domingo, quando Donald Trump e Lula se encontraram na Malásia. Na segunda-feira (27) o mercado repercutiu o encontro e, em postagem nas suas redes sociais, Lula disse que a reunião de cerca de 50 minutos foi “ótima” e acrescentou que as negociações continuam “imediatamente” para buscar soluções para o tarifaço e também para sanções contra autoridades brasileiras impostas por Trump.

Ainda no início da semana, Trump deu indícios de que chegaria a um acordo com a China, firmado na quinta-feira (30). Os EUA e a China fecharam uma trégua comercial de um ano. O acordo firmado entre os dois presidentes suspende restrições e tarifas que vinham elevando as tensões entre as duas maiores economias do mundo.

O dólar teve uma semana mais contida, impactado pela decisão do Fed (Federal Reserve) de cortar mais 0,25 ponto base da taxa de juros, passando a atuar entre 3,75% e 4%.

Apesar do resultado esperado, Jerome Powell demonstrou incerteza sobre um novo corte de juros na reunião de dezembro. De acordo com ele, o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) apresenta visões divergentes entre os 19 integrantes, o que torna prematura qualquer previsão sobre a próxima reunião.

Na visão de Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, a decisão marca o início de uma “temporada” de política monetária mais branda.

“O movimento foi bem recebido pelos mercados, embora o tom moderado do Fed tenha limitado o entusiasmo inicial. Os principais índices de ações, como o S&P 500 e o Nasdaq, registraram ganhos moderados, refletindo o alívio com o fim do ciclo de aperto monetário e a expectativa de que a economia americana continue crescendo de forma controlada”, comentou o analista

“No câmbio global, o dólar perdeu força frente às principais moedas, favorecendo emergentes e commodities. A leitura geral é de que o corte nos juros abre espaço para maior liquidez internacional e pode redefinir o fluxo de capitais nas próximas semanas, com investidores reposicionando suas carteiras entre segurança e oportunidade”, completou.

Semana que chega: Copom no foco

Na semana de 2 e 7 de novembro, as expectativas estarão voltadas para reunião do Copom, na terça-feira (4), que pode mudar – ou não – a taxa básica de juros do Brasil.

De acordo com os especialistas do mercado financeiro, a expectativa é que de que seja a terceira manutenção consecutiva da Selic em 15%.

“Desde a última reunião, pouco mudou no cenário doméstico: as projeções do Focus recuaram marginalmente, especialmente nos horizontes mais longos, sinalizando expectativas mais ancoradas; a atividade segue em desaceleração gradual, refletindo o aperto monetário prolongado; e os núcleos de inflação desaceleram apenas de forma modesta na margem, ainda acima do ideal para garantir convergência plena à meta. O tom do comunicado deve permanecer firme, reforçando o compromisso com a convergência da inflação e deixando o início do ciclo de cortes apenas para meados de 2026″, analisou Leonardo Costa, economista do ASA.

O texto do comunicado, como disse Costa, será um dos principais pontos de atenção na divulgação da próxima semana, já que o tom mais “dovish” ou “hawkish” vai sinalizar se ocorrerá um corte nos juros na próxima reunião.

Leandro Manzoni, analista de economia do Investing.com, chamou a atenção para os Boletins Focus: “As projeções coletadas pelo Banco Central no Boletim Focus mostram melhora nas estimativas do IPCA para os próximos daqui a dois anos, mas em ritmo lento a moderado, mantendo a projeção ainda distante do centro da meta. No último Focus, a previsão estava em 3,83%”.

“Por isso, cada nova edição do boletim ganha importância para verificar se as expectativas se aproximam da meta. Mesmo com a inflação corrente vindo melhor do que o esperado e a moderação do crescimento decorrente da alta de juros de 450 pontos-base entre setembro de 2024 e junho deste ano, a autoridade monetária se preocupa com o fato de a atividade econômica continuar acima da capacidade — o chamado hiato do produto”, analisou Manzoni.

O economista explicou que embora a inflação de serviços prévia de outubro tenha sido benigna, os dados de trabalho de setembro ainda exigem cautela. Além disso, a perspectiva fiscal não contribui, especialmente no ano eleitoral que limita o espaço para um reequilíbrio nas contas públicas. Como cereja do bolo, tem a interrupção da trajetório de queda do dólar, que foi negociados nos últimos dias entre R$ 5,35 e R$ 5,40.

Vale lembrar que, historicamente, a cotação da moeda americana tende a subir nos dois últimos meses do ano devido às remessas de lucros e dividendos ao exterior. Além disso, a probabilidade é de as remessas serem mais intensas este ano com a proximidade da entrada em vigor dos impostos sobre dividendos e remessas de lucros ao exterior.

Além da reunião do Copom, os investidores do Brasil acompanharão os dados da produção industrial de setembro (terça-feira), a balança comercial de outubro (quinta-feira) e o IGP-DI de outubro, além da inflação ao produtor de setembro (ambos na sexta-feira). A temporada de balanços das empresas listadas na B3 ganha tração, com divulgações de resultados de Petrobras, Embraer, Itaú Unibanco, Suzano, Minerva, Magazine Luiza, Cogna e outras.

Nos EUA, haverá a agenda de discursos dos membros do Fed. Com o shutdown, a divulgação de dados das instituições privadas acaba servindo como referência indireta para acompanhar o desenvolvimento do país. A semana reserva a divulgação do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) de outubro, do relatório de emprego privado da ADP e da prévia das expectativas do consumidor de novembro da Universidade de Michigan.