
O BC (Banco Central) anunciou, na segunda-feira (19), que as operações com contratos de swap cambial não serão mais realizadas pelo Demab (Departamento de Operações do Mercado Aberto), mas sim pelo Depin (Departamento das Reservas Internacionais). A mudança, segundo profissionais ouvidos pelo Valor Econômico, deve trazer pouca alteração prática em relação ao modelo anterior.
Com o novo sistema, os contratos de swap cambial passam a ser organizados em lotes múltiplos de 100, eliminando os chamados “números quebrados”. No vencimento de julho, por exemplo, a rolagem prevista era de 499.530 contratos. Com a mudança, esse número terá de ser arredondado para 499.500 ou 499.600 contratos — decisão que caberá ao BC, conforme sua estratégia operacional.
Durante um período de transição, até que todos os estoques estejam ajustados aos múltiplos de 100, a rolagem total dos contratos vincendos de cada mês não será possível. Isso ocorre porque os lotes atuais ainda têm números fracionados.
Na prática, a mudança não deve alterar a dinâmica da rolagem que já vinha sendo adotada pela autarquia. No entanto, em momentos de estresse no mercado, o BC pode aproveitar a margem de arredondamento para aumentar ou reduzir levemente o estoque de swaps cambiais — embora o impacto disso deva ser limitado.
A medida representa, principalmente, uma padronização do sistema operacional. A alteração vinha sendo estudada internamente há alguns anos e, nos últimos meses, chegou a ser testada com alguns investidores do mercado de câmbio, conforme apuração do Valor.
Galípolo defende juros altos por mais tempo e reforça paciência do BC
O presidente do BC ( Banco Central), Gabriel Galípolo, afirmou na segunda-feira (19) que a taxa básica de juros, a Selic, deve permanecer em um nível “bastante restritivo” por um período prolongado. A declaração foi feita durante conferência promovida pelo banco Goldman Sachs, em São Paulo.
A fala reforça a postura cautelosa da autoridade monetária diante do cenário de incertezas econômicas e expectativas de inflação desancoradas. Ele destacou que a instituição continuará tomando decisões com base em dados e não se deixará influenciar por oscilações pontuais de indicadores.
Segundo Galípolo, o Banco Central não pretende oferecer sinalizações antecipadas sobre seus próximos passos, prática conhecida como forward guidance. “Não temos condição de usar o ansiolítico da sinalização neste momento. Precisamos de cautela e flexibilidade”, afirmou.