Política monetária

BC precisa de segurança 'um pouco além do normal', diz diretor

O diretor do BC também avaliou que talvez o mercado tenha exagerado no nível do prêmio de risco dos ativos brasileiros no final de 2024

O diretor de Política Moentária do BC, Nilton David / Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
O diretor de Política Moentária do BC, Nilton David / Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Considerando o cenário econômico com alto nível de incertezas, o BC (Banco Central) precisa de um nível de segurança um pouco além do normal no aperto monetário, avaliou o diretor de Política Monetária da autarquia, Nilton David.

David também avaliou que talvez o mercado tenha exagerado no nível do prêmio de risco que refletiu sobre os preços dos ativos brasileiros no final de 2024. 

Além disso, o diretor afirmou, segundo o “InfoMoney”, que em um ambiente de incertezas, o BC se coloca na posição de minimizar riscos para alcançar a meta de inflação de 3%.

“Mas o ponto é que antes a gente estava num gol de 7 metros, o gol agora tem 12 metros. Então onde que eu tenho que me posicionar, né?”, disse o diretor do BC, durante evento na Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), em São Paulo. O executivo assumiu o cargo em janeiro e essa foi sua primeira declaração pública.

“A gente subiu 100 ‘bases points’ (da Selic em janeiro) e o cenário base é seguir por aí porque temos o ‘forward guidance’ e também a nossa preocupação em ter um nível de segurança que tem que ser um pouquinho além do normal por conta dessa incerteza”, acrescentou.

Em paralelo a isso, uma sinalização de postura mais dura para a política monetária também veio por parte do presidente do BC, Gabriel Galípolo, que afirmou ser esperado que a autarquia seja mais agressiva ao promover elevações na Selic (taxa básica de juros) e mais cautelosa em momentos de corte dos juros básicos.

BC está mais confiante na inflexão no mercado de crédito

Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) demonstrou maior confiança em uma inflexão no mercado de crédito, fator que pode contribuir para esfriar a economia e reduzir a inflação para a meta.

Na ata da última reunião, divulgada nesta semana, o comitê afirmou que “o crédito bancário tem apresentado alguma inflexão no período mais recente”. A linguagem é mais assertiva do que a usada em dezembro, quando indicava que “o mercado de crédito mostra, possivelmente, sinais incipientes de inflexão”.

O Banco Central vem destacando a expansão do crédito como um dos três fatores que levaram a um desempenho superior ao esperado do PIB (Produto Interno Bruto) desde 2023. Os outros dois são o mercado de trabalho forte e a expansão fiscal.

O aperto monetário — conduzido pelo próprio Copom —, que desde agosto elevou a Selic (taxa básica de juros) de 10,5% para 13,25% ao ano, deveria atuar para conter a expansão do crédito. Contudo, em quase todos os ciclos de alta ou distensão monetária, participantes do mercado questionam se a transmissão monetária ocorrerá como esperado, conforme apontou o Valor.

Além disso, o primeiro impacto da alta da Selic, em geral, é sentido nas taxas das operações de crédito, especialmente no segmento livre. Nas linhas para pessoas físicas, essa taxa avançou relativamente pouco até o momento, passando de 52% para 53% ao ano no último dado disponível, referente a dezembro.