
Considerando o cenário econômico com alto nível de incertezas, o BC (Banco Central) precisa de um nível de segurança um pouco além do normal no aperto monetário, avaliou o diretor de Política Monetária da autarquia, Nilton David.
David também avaliou que talvez o mercado tenha exagerado no nível do prêmio de risco que refletiu sobre os preços dos ativos brasileiros no final de 2024.
Além disso, o diretor afirmou, segundo o “InfoMoney”, que em um ambiente de incertezas, o BC se coloca na posição de minimizar riscos para alcançar a meta de inflação de 3%.
“Mas o ponto é que antes a gente estava num gol de 7 metros, o gol agora tem 12 metros. Então onde que eu tenho que me posicionar, né?”, disse o diretor do BC, durante evento na Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), em São Paulo. O executivo assumiu o cargo em janeiro e essa foi sua primeira declaração pública.
“A gente subiu 100 ‘bases points’ (da Selic em janeiro) e o cenário base é seguir por aí porque temos o ‘forward guidance’ e também a nossa preocupação em ter um nível de segurança que tem que ser um pouquinho além do normal por conta dessa incerteza”, acrescentou.
Em paralelo a isso, uma sinalização de postura mais dura para a política monetária também veio por parte do presidente do BC, Gabriel Galípolo, que afirmou ser esperado que a autarquia seja mais agressiva ao promover elevações na Selic (taxa básica de juros) e mais cautelosa em momentos de corte dos juros básicos.
BC está mais confiante na inflexão no mercado de crédito
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) demonstrou maior confiança em uma inflexão no mercado de crédito, fator que pode contribuir para esfriar a economia e reduzir a inflação para a meta.
Na ata da última reunião, divulgada nesta semana, o comitê afirmou que “o crédito bancário tem apresentado alguma inflexão no período mais recente”. A linguagem é mais assertiva do que a usada em dezembro, quando indicava que “o mercado de crédito mostra, possivelmente, sinais incipientes de inflexão”.
O Banco Central vem destacando a expansão do crédito como um dos três fatores que levaram a um desempenho superior ao esperado do PIB (Produto Interno Bruto) desde 2023. Os outros dois são o mercado de trabalho forte e a expansão fiscal.
O aperto monetário — conduzido pelo próprio Copom —, que desde agosto elevou a Selic (taxa básica de juros) de 10,5% para 13,25% ao ano, deveria atuar para conter a expansão do crédito. Contudo, em quase todos os ciclos de alta ou distensão monetária, participantes do mercado questionam se a transmissão monetária ocorrerá como esperado, conforme apontou o Valor.
Além disso, o primeiro impacto da alta da Selic, em geral, é sentido nas taxas das operações de crédito, especialmente no segmento livre. Nas linhas para pessoas físicas, essa taxa avançou relativamente pouco até o momento, passando de 52% para 53% ao ano no último dado disponível, referente a dezembro.