O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, expressou preocupações em relação às expectativas de inflação durante conversas privadas com investidores em Nova York.
Na ocasião, Galípolo afirmou que suas preocupações são em relação às expectativas já anunciadas previamente pela autoridade monetária.
Segundo relatos de participantes, Galípolo adotou um tom mais cauteloso ao afirmar que o BC tomará medidas contra a desancoragem caso ela persista.
Durante essas discussões, que ocorreram na semana passada, Galípolo mencionou o questionário Pré-Copom, o qual indicava uma maioria de expectativas por uma Selic em um nível restritivo para controlar a inflação. O consenso no Copom também apontava para a necessidade de uma política restritiva.
Entretanto, ele também destacou a preocupação com a revisão das estimativas de IPCA para cima, considerando esse cenário como um desafio complicado de ser compreendido.
Para muitos investidores, o fato mais preocupante foi a persistência da desancoragem das expectativas, mesmo com a expectativa de um aumento na Selic conforme o mercado prevê.
No entanto, ficou claro que o BC não ficará apenas nas palavras, pois Galípolo reconheceu a seriedade da desancoragem e a necessidade de reagir a ela, independentemente das causas identificadas.
A desancoragem das expectativas se intensificou desde o último Copom, especialmente após a votação dividida que resultou em um corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic.
Isso se refletiu nas projeções para o IPCA e indicadores como resultado primário e dívida/PIB para os próximos anos.
Galípolo também abordou as projeções de câmbio e a abertura da curva de juros, influenciada pelas expectativas de política do Fed (Federal Reserve) nos EUA.
Essas discussões ocorreram durante eventos com investidores em Nova York, organizados pelo Goldman Sachs e pela Eurasia Group, gerando reflexos nos mercados financeiros, de acordo com operadores.
Selic: Galípolo afirma que considerou votar no corte de 0,25 p.p
O diretor de Política Monetária do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, afirmou na quarta-feira (15) que considerou votar por um corte de 0,25 p.p (ponto percentual) na Selic (taxa básica de juros) durante a última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
“Votar por um corte de 0,25 ponto foi algo que cogitei em vários dos diálogos [com outros diretores do Banco Central],” declarou o diretor do BC em relação à decisão tomada no último encontro sobre a Selic.
A afirmativa foi dita em um evento promovido pelo “Valor Econômico” em Nova York.
O diretor afirmou que teria sido uma decisão “confortável”, considerando que, de acordo com Galípolo, “ganha-se muito” ao reduzir o ritmo do afrouxamento monetário.
No último dia 8 de maio, o Copom votou pela redução da Selic em 0,25 p.p, fazendo a taxa ir para 10,50% ao ano. A decisão foi tomada com um resultado de cinco votos a quatro, com Galípolo entre os quatro membros que optaram por um corte de 0,50 p.p.
“Eu entendo que o ponto mais importante na mudança de 0,50 para 0,25 era sinalizar um tom adicional de preocupação para o mercado para além daquilo tudo que está registrado em consenso entre os membros do Copom”, disse ele, de acordo com o “Money Times”.