A economia brasileira registrou crescimento de 0,4% no segundo trimestre de 2025, em um ritmo mais lento que o observado anteriormente. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Analistas consultados em levantamento da Reuters previam uma alta de 0,3% no PIB entre abril e junho, em comparação com os três primeiros meses do ano. O desempenho abaixo do ritmo anterior foi influenciado por uma queda na atividade do setor agropecuário e por um enfraquecimento da indústria.
O resultado indica uma desaceleração da economia brasileira em relação ao primeiro trimestre, período em que houve crescimento de 1,3%, impulsionado especialmente pelo agronegócio, segundo dados revisados.
Economia no 2º trimestre de 2025: serviços lideram, agro recua
Do lado da oferta, o setor de serviços voltou a acelerar, com alta de 0,6% no trimestre, acima do avanço de 0,4% no início do ano. O desempenho foi puxado, principalmente, pelos serviços financeiros e de intermediação (+2,1%) e pelos serviços de informação (+1,2%).
A indústria cresceu 0,5% após estagnação no primeiro trimestre, impulsionada pelas atividades extrativas. No entanto, o desempenho foi desigual entre os ramos industriais, com destaque negativo para a construção civil, que registrou a segunda queda consecutiva.
A agropecuária, que havia sido destaque nos primeiros três meses do ano, por sua vez, recuou 0,1% após o forte crescimento de 12,3% no primeiro trimestre — reflexo do impacto sazonal da colheita no início do ano.
Setor de Serviços | Variação (%) |
---|---|
Informação e comunicação | +1,2% |
Transporte, armazenagem e correio | +1,0% |
Outras atividades de serviços | +0,7% |
Atividades imobiliárias | +0,3% |
Comércio | 0,0% (estável) |
Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social | -0,4% |
Pablo Spyer, conselheiro da Ancord, afirmou que o PIB brasileiro apresentou uma desaceleração no segundo trimestre, após um início de ano forte, indicando um esfriamento da economia.
Segundo o especialista, “o PIB brasileiro mostra uma desaceleração no segundo trimestre, após um começo de ano bastante forte. Esse arrefecimento sugere que o Brasil está esfriando.”
Além disso, Spyer destacou que, apesar do mercado de trabalho aquecido e do setor de serviços continuarem sustentando a economia, a indústria e os investimentos foram mais afetados pelas altas taxas de juros e pelo cenário global desafiador.
O conselheiro da Ancord também expressou preocupação com a perspectiva de crescimento mais fraco para a segunda metade de 2025, reforçando a necessidade de políticas que promovam produtividade, segurança jurídica e previsibilidade fiscal para garantir a sustentabilidade da atividade econômica no médio prazo.
Demanda: investimento encolhe e consumo desacelera
Pelo lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,5%, em desaceleração frente ao 1,0% observado no primeiro trimestre. Já o consumo do governo caiu 0,6%, revertendo a estabilidade registrada anteriormente.
A formação bruta de capital fixo, indicador de investimentos, teve queda expressiva de 2,2%, marcando o primeiro resultado negativo após seis trimestres consecutivos de alta.
No setor externo, as exportações aumentaram 0,7%, enquanto as importações recuaram 2,9%, contribuindo positivamente para o saldo da balança comercial no PIB.
Economia cresce em ritmo mais lento
Para Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o crescimento registrado, embora positivo, sinaliza uma perda de ritmo da atividade econômica no país.
“Era um efeito esperado a partir da política monetária restritiva [juros elevados] iniciada em setembro do ano passado. As atividades Indústrias de Transformação e Construção, que dependem de crédito, são mais afetadas nesse cenário”, afirmou a coordenadora em nota.
De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, o desempenho positivo do setor reflete o impacto moderado das elevadas taxas de juros, que vêm afetando menos essas atividades específicas.
Ela destacou ainda que o crescimento expressivo nas áreas de Informação e Comunicação, assim como em Transporte, armazenagem e correio, foi impulsionado principalmente pelo aumento na produção de softwares e pela retomada do transporte de passageiros.