O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou a importância de considerar questões ambientais e climáticas nas decisões políticas, ao comentar sobre a tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul.
A autoridade fez essa observação durante a Conferência Anual do Banco Central, realizada em Brasília.
Campos Neto enfatizou que a instituição tem se empenhado em promover o desenvolvimento de finanças sustentáveis dentro do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Ele mencionou a Agenda BC#, uma iniciativa de inovação no sistema financeiro que inclui um foco significativo na sustentabilidade.
Durante a conferência, Campos Neto abriu o último dia do evento, que contou com dois dias de apresentações de pesquisas acadêmicas e debates econômicos.
Ele observou que houve discussões valiosas sobre sustentabilidade e riscos climáticos, destacando que esses temas ganharam ainda mais relevância após a crise causada pela pandemia de covid-19, com a sociedade exigindo uma economia mais sustentável e inclusiva.
O presidente do BC elogiou os debates e os trabalhos acadêmicos apresentados no seminário, que abordaram modelagens e projeções de variáveis macroeconômicas, além de regulação bancária e risco de crédito.
Campos Neto também mencionou que a conferência incluiu discussões sobre moeda digital e suas implicações para a intermediação financeira e o bem-estar. Ele destacou que o Banco Central é entusiasta da tecnologia e ressaltou a importância da inovação tecnológica para democratizar os produtos financeiros e moldar o sistema financeiro do futuro.
O presidente do BC também ressaltou o painel sobre corrida bancária, “tema que voltou a ser bastante discutido após a turbulência no setor bancário americano no ano passado”, em que foram discutidos trabalhos sobre fragilidade bancária e medidas macroprudenciais para evitar riscos de crises financeiras.
RS: efeitos das enchentes na economia serão sentidos no PIB e nos preços
Guilherme Mello, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e líder de um grupo encarregado de calcular o impacto das inundações no Rio Grande do Sul (RS) na economia brasileira, destacou que os efeitos serão perceptíveis no PIB (Produto Interno Bruto) e nos preços.
Ele observou, contudo, que é prematuro avaliar completamente o impacto nas projeções, dada a falta de precisão das informações em meio à tragédia em curso no RS, e que as medidas governamentais anunciadas podem mitigar os efeitos.
O secretário assegurou, no entanto, que não há perspectiva de problemas de abastecimento no País.
“É evidente que uma catástrofe dessa dimensão, que não tem paralelo na História brasileira, tem impactos econômicos, tanto na atividade como nos preços”, afirmou Mello.
No momento atual, as informações que temos ainda são muito pouco precisas, o que nos leva a ter muita cautela”, disse o secretário ao Jornal Globo.
Mello ressaltou que não haverá problema de abastecimento no país, “mas teremos problemas de preços” com a tragédia no RS.