Fonte: depositphotos.com/rafapress
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A taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,6% no trimestre encerrado em setembro, o menor nível desde o início da série histórica, em 2012, segundo o IBGE.

O índice, que representa cerca de 6 milhões de pessoas desocupadas, mostra estabilidade em relação ao trimestre anterior (5,7%) e melhora expressiva frente aos 7,7% registrados um ano antes.

O número de ocupados chegou a 101,4 milhões de pessoas, um recorde histórico.

Os dados refletem um mercado de trabalho aquecido e um consumo sustentado, mesmo em meio a um ambiente de juros altos e crédito caro.

Para Gabriel Padula, CEO do Grupo Everblue, o resultado confirma a resiliência da economia real, mas também evidencia os limites estruturais do atual ciclo econômico.

“A taxa de desemprego em 5,6% confirma a base sólida de consumo e serviços. Mas, com a Selic em 15%, o crédito bancário segue restrito e o custo do capital de giro continua alto. Há emprego, mas pouco espaço para investimento; há estabilidade, mas falta aceleração”, afirma.

O cenário cria um paradoxo. Enquanto o consumo das famílias sustenta o crescimento, os juros elevados comprimem margens e travam o investimento produtivo, especialmente em setores dependentes de financiamento, como indústria, construção e infraestrutura.

Na prática, o país cresce pela base, impulsionado pela demanda, mas encontra um teto quando tenta avançar pelo lado da oferta.

Diante desse contexto, as empresas buscam alternativas fora do sistema bancário tradicional para manter liquidez e financiar expansão.

O movimento tem impulsionado o mercado de crédito privado, com FIDCs, securitizações e fundos estruturados ganhando espaço como mecanismos de intermediação entre investidores e companhias.

“O novo ciclo exige uma mudança de mentalidade financeira. O Brasil precisa ampliar o uso de instrumentos privados que conectem liquidez ociosa de investidores a negócios produtivos”, diz Padula.

Segundo ele, a transição para uma economia de juros estruturalmente mais altos reforça a necessidade de governança, transparência e gestão de risco nas operações.

“O crédito privado pode se tornar um vetor de crescimento sustentável, desde que esteja ancorado em fundamentos sólidos e fluxos recorrentes”, completa.