O Ministério da Fazenda divulgou nesta quinta-feira (11) o boletim Macrofiscal da SPE (Secretaria de Política Econômica). O relatório corta projeção do PIB (Produto Interno Bruto) e estima o número de empregos que podem ser perdidos devido ao tarifaço.
O Boletim Macrofiscal é um relatório bimestral em que são divulgadas as projeções de curto e médio prazo para os indicadores de atividade econômica e de inflação e análises de conjuntura. Informações via CNN.
O Ministério da Fazenda revisou a projeção de crescimento da economia neste ano de 2,5% para 2,3%, um reco de 0,2 pontos percentuais (p.p).
“A revisão está relacionada ao resultado abaixo do esperado observado para o PIB do segundo trimestre comparativamente ao esperado em julho, que pode ser atribuído aos efeitos cumulativos mais intensos da política monetária contracionista no crédito e na atividade”, diz o boletim.
“As tarifas devem levar à queda de 0,2 ponto percentual no PIB comparativamente ao cenário de referência. Esse impacto está associado à retração da demanda externa e seus efeitos, principalmente, sobre o investimento”, destaca o documento.
A equipe econômica do governo também reduziu a expectativa de inflação para 2025 em 0,1 p.p, de 4,9% para 4,8%.
“A perspectiva de menor inflação no ano reflete efeitos defasados do real mais apreciado; a menor inflação no atacado agropecuário e industrial; e o excesso de oferta de bens em escala mundial como reflexo do aumento nas tarifas comerciais”, diz o boletim.
Para o ano de 2026, a projeção de crescimento do PIB foi mantida em 2,4%, mas espera-se que a inflação recue 3,6%, convergindo para o centro da meta em 2027.
“Apesar da política monetária ainda restritiva, a reforma tributária da renda pode atenuar o impacto do maior endividamento no consumo ao elevar a renda disponível da população de menor renda”, aponta o relatório.
A longo prazo, o governo estima a expansão em torno de 2,6% ao ano, sustentada por efeitos da reforma tributária do consumo e iniciativas ligadas à transição para a economia de baixo carbono. Entre as medidas citadas, estão a implementação da taxonomia sustentável e a estruturação do mercado de carbono.
Impacto do tarifaço nos empregos e no PIB
No boletim Macrofiscal da SPE também constam cálculos sobre o impacto do tarifaço na economia Brasileira. Além da redução de 0,2 p.p no PIB, o embargo comercial pode levar à perda de cerca de 138 mil empregos.
O estudo estima que aproximadamente 40% do total exportado para os EUA em 2024 passou a ser tributado com alíquota de 50%, atingindo segmentos como minerais não metálicos, máquinas, eletrônicos, móveis e agropecuária.
A indústria de transformação é a que concentra a maior parte da perda de empregos, com 71,5 mil postos a menos, seguida por serviços (51,8 mil) e agropecuária (14,7 mil).
O impacto sobre a inflação é considerado pequeno, de apenas 0,1 ponto percentual, já que a redução da demanda externa aumenta a disponibilidade de produtos no mercado interno.
Para mitigar os efeitos, o governo lançou o Plano Brasil Soberano, que prevê linhas de crédito com subsídio, deferimento de tributos e compras governamentais.
Segundo as simulações da SPE, as medidas podem reduzir pela metade a perda do PIB, para 0,1 ponto percentual, e preservar 73 mil empregos.
“Com o plano, o impacto das tarifas no PIB é reduzido pela metade, passando de -0,2 pp para -0,1 pp entre agosto de 2025 e dezembro de 2026. No mercado de trabalho, a perda estimada cai de 138 mil para 65 mil empregos”, aponta o boletim.