Taxa de juros

Governo vê risco recorde para financiar dívida

O Tesouro prevê que essa fatia atinja 58,9% em 2028, frente aos 51,2% projetados no ano passado

Foto: Real/CanvaPro
Foto: Real/CanvaPro

O governo brasileiro apontou riscos mais elevados para o financiamento da dívida pública nos próximos anos, em função do aumento da parcela da dívida exposta à variação da taxa de juros. Além disso, destacou a necessidade de consolidação fiscal para reverter esse cenário.

Em anexo sobre riscos fiscais que acompanhou o projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2026, enviado na terça-feira (15) ao Congresso, o governo projetou que 62,1% da dívida pública federal será sensível à alteração dos juros de curto prazo em 2025. Esse é o nível mais alto da série iniciada em 2008 e reflete o que o Executivo classifica como “risco de repactuação” da dívida.

No mesmo documento de 2024, a estimativa era de que esse percentual seria de 56,6% em 2025.

O indicador inclui tanto a parcela da dívida atrelada diretamente à taxa Selic (a taxa básica de juros), quanto a parcela com vencimento em até 12 meses, que também é impactada pelas variações da Selic no momento do refinanciamento.

Agora, o Tesouro prevê que essa fatia atinja 58,9% em 2028, frente aos 51,2% projetados no ano passado, conforme apontado pelo InfoMoney.

O Brasil financia uma parcela incomumente elevada de sua dívida por meio de títulos atrelados à Selic — as chamadas LFTs —, que geralmente são mais demandadas por investidores em períodos de estresse nos mercados.

Lula: governo projeta queda de 96% nas despesas não obrigatórias

A equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) projeta uma queda drástica nas despesas discricionárias — os chamados gastos não obrigatórios — ao longo dos próximos quatro anos.

De acordo com a proposta da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2026, apresentada na terça-feira (15), esse tipo de despesa deve cair de R$ 221,2 bilhões em 2025 para apenas R$ 8,9 bilhões em 2029 — uma retração de 96%.

Economistas enfatizam que os números evidenciam um estrangulamento orçamentário com potencial para paralisar a máquina pública após o atual mandato de Lula. As despesas discricionárias englobam investimentos públicos, custeio da máquina estatal e o pagamento de emendas parlamentares.

Na prática, o corte sinaliza que, se não houver mudanças no arcabouço fiscal ou revisão de regras constitucionais, o governo ficará sem margem para implementar novas políticas públicas ou manter serviços básicos funcionando a partir de 2027 — ano imediatamente após as eleições presidenciais.