A agenda econômica entre os dias 26 e 30 de maio terá bastante movimento em torno dos receios fiscais no Brasil e nos Estados Unidos, além das ameaças tarifárias feitas pelo presidente norte-americano Donald Trump. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, deve ser precificado, no início da semana, pelas reações aos dados divulgados no fim de semana (24 e 25 de maio).
Os destaques ficam por conta dos dados do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil e dos EUA, ambos referentes ao primeiro trimestre. No caso norte-americano, será divulgada a 2ª prévia — de um total de três — sendo que a primeira apresentou retração de 0,3%, impulsionada pelo setor externo. Já no Brasil, a expectativa é de uma forte expansão nos três primeiros meses do ano. A prévia do PIB, divulgada pelo Banco Central por meio do IBC-Br, registrou alta de 1,3% no período.
Os índices inflacionários também estarão no centro das atenções. No cenário doméstico, a prévia da inflação de maio será divulgada na terça-feira (27), enquanto o PCE de abril — indicador de inflação preferido do Fed (Federal Reserve) — será conhecido na sexta-feira (30).
No radar corporativo, está previsto o resultado do primeiro trimestre de 2025 da Nvidia (NVDC34), a ser divulgado na quarta-feira (28), após o fechamento do mercado. “O balanço da empresa de chips deve ser um termômetro da avaliação da demanda por semicondutores, em meio à onda de inteligência artificial”, comentou Leandro Mazoni, analista de economia do Investing. Vale lembrar que, em janeiro deste ano, a chinesa DeepSeek surpreendeu o mercado global ao revelar sua alta capacidade de processamento de LLMs (modelos de IA ofertados por ChatGPT, Google e Anthropic), a um custo significativamente menor que o de seus concorrentes norte-americanos.
Como o mercado se comportou entre 19 e 23 de maio
No Brasil, a semana foi marcada por um verdadeiro cabo de guerra entre receios fiscais e ruídos políticos. O governo surpreendeu positivamente, na quinta-feira (22), ao anunciar um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025, sinalizando compromisso com a meta fiscal.
O movimento, de acordo com Christian Iarussi, especialista em investimentos e sócio da The Hill Capital, foi bem recebido pelo mercado. O otimismo se deu especialmente porque o montante ficou bem acima das projeções iniciais, que estimavam algo em torno de R$ 10 bilhões. Parte desse bloqueio decorre da limitação no avanço das despesas (teto de 2,5%) e outra parte de um contingenciamento preventivo, considerando o fraco desempenho das receitas e o avanço de gastos obrigatórios, principalmente com a Previdência.
“O impacto positivo desse anúncio foi rapidamente ofuscado pela proposta de aumento no IOF sobre operações de crédito e, principalmente, sobre investimentos no exterior”, afirmou Iarussi. “A tentativa de unificar e ampliar a base de cobrança foi mal recebida, pois encarece transações e eleva a percepção de instabilidade tributária. A reação negativa foi tão intensa que o governo precisou recuar parcialmente, cancelando a taxação sobre fundos no exterior — um gesto necessário, mas que expôs problemas na comunicação da política econômica e um desgaste político evitável”, acrescentou.
No front da política monetária, o Banco Central do Brasil reforçou o tom conservador. O diretor de Política Monetária da autarquia, Nilton David, afirmou que a comunicação da última ata do Copom (Comitê de Política Monetária) segue válida, o que indica manutenção dos juros diante de um cenário global ainda incerto e expectativas de inflação desancoradas.
Ibovespa na sema
- Segunda-feira (19): +0,32%
- Terça-feira (20): +0,34%
- Quarta-feira (21): -1,59%
- Quinta-feira (22): -0,44%
- Sexta-feira (23): +0,40%
- Semana: -0,98%