Tarifaço ou tarifinho?

Impacto das tarifas no PIB do Brasil não ultrapassa 0,3 p.p

Cálculo foi feito por bancos e gestoras; lista de isenções abarca cerca de 40% das exportações brasileiras aos EUA, segunda a XP

Foto: Canva / PIB
Foto: Canva / PIB

Após a assinatura de Donald Trump no decreto que oficializou a tarifa de 50% para produtos brasileiros exportados aos EUA, as gestoras de investimentos estimaram impacto reduzido no PIB (Produto Interno Bruto) do país, especialmente, porque o decreto vem acompanhado de uma extensa lista de exceções.

Ficaram de fora 565 artigos de aviação civil, produtos de setores como energia, fertilizantes, madeira, metais preciosos, estanho e alguns tipos de alumina.

No caso do agronegócio, a medida preserva parte das exportações brasileiras mais sensíveis para o mercado americano, como o suco de laranja, onde o principal destino era os EUA.

Ainda assim, produtos como café, cacau, carne, frutas, calçados, etanol, açúcar e vestuário não foram poupados e deverão ser taxados, destaca a corretora Monte Bravo.

Impacto limitado

Segundo a análise da XP, a lista de exclusão abraça 42% das exportações brasileiras para os EUA. Com isso, a projeção para as exportações em 2025 seria reduzida em aproximadamente US$ 3,5 bilhões, o que representa 0,15 ponto percentual no PIB, abaixo da estimativa inicial de 0,30 p.p.

Para Caio Megale, economista-chefe da XP, o impacto das tarifas, que já era pequeno para o PIB, ficou menor com lista de exclusão.

Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, disse que o impacto macroeconômico das tarifas impostas pelos EUA sobre os produtos brasileiros deve ser limitado. Ele ainda afirmou que existe a possibilidade de um efeito desinflacionário no mercado interno.

“Se você deixa de exportar determinados produtos que ficam aqui dentro e pressionam o preço para baixo, ele pode ser desinflacionário”, explicou.

Entretanto, o CEO ressaltou que é necessário avaliar a demanda e a elasticidade dos produtos afetados pelas tarifas mais altas, bem como a existência dessa demanda em outros mercados.

Apesar do impacto macroeconômico limitado para o país e para as operações do banco, Noronha reconhece que, para empresas específicas, as medidas podem ter consequências significativas.

“Para as empresas, em casos específicos, é muito ruim a gente ver isso”, afirmou.

A instituição financeira segue com boas expectativas para a resolução do impasse comercial entre as nações.

Noronha expressou sua expectativa de que as negociações diplomáticas possam resultar em um acordo satisfatório para ambas as partes no curto ou médio prazo, minimizando assim os impactos sobre as empresas afetadas.