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A inadimplência também renovou recorde e atingiu 30,5% no mês passado, o que aponta um quadro de crescente fragilidade financeira. (Foto: Alex Barcley/Pixabay)

O número de famílias brasileiras endividadas subiu pelo terceiro mês seguido em outubro, chegando a 79,5%. O aumento de famílias que atrasaram as parcelas também aumentou, alcançando dos 30,5%. Dados foram divulgados pelo CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

O percentual de famílias que dizem não ter condições de pagar as dívidas em atraso também aumentou, a 13,2%, renovando a maior taxa da série histórica.

“O avanço no endividamento, na inadimplência e na percepção de insuficiência financeira simultaneamente e pelo terceiro mês seguido é um alerta para a necessidade de ajustes, principalmente na área fiscal, para que os resultados de 2025 não se repitam ou se agravem ainda mais em 2026”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

Com o endividamento e inadimplência em níveis históricos, as famílias aumentaram o tempo acumulado com parcelas de dívidas atrasadas. O percentual de famílias inadimplentes por mais de 90 dias avançou de 48,7% para 49%, maior nível desde dezembro de 2024. Também é o segundo mês em que o dado de famílias cuja dívida dura mais de um ano teve aumento, 31,1% para 32%.

Impacto da Black Friday

Apesar do resultado negativo, as promoções de novembro, que culminarão na sexta-feira (28), na chamada Black Friday, podem fazer com que o comércio reaja. Já no último mês do ano, as celebrações vinculadas à tradição de presentear, em especial o Natal católico, devem impulsionar as vendas em diversos setores.

O CNC alerta que, contudo, o efeito “bola de neve” das dívidas que já tiveram inciência de juros “não sumirá com a chegada das decorações nas lojas.”

“Nem mesmo o bom momento do mercado de trabalho tem sido suficiente para conter o avanço na inadimplência, tamanho o patamar atual dos juros. Nesse cenário, o comércio já sente desaceleração das vendas, uma vez que as famílias se veem obrigadas a promover ajustes no orçamento para se adaptar a essa realidade”, complementa o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.