Banco Central

Inflação segue alta e mercado de trabalho surpreende, diz Galípolo

"Tenho visto que a maior parte das críticas à elevada taxa de juros, de 15%, muitas vezes está associada a uma sugestão", disse Galípolo

Gabriel Galípolo (Foto: Edu Motta/BP Money)
Gabriel Galípolo (Foto: Edu Motta/BP Money)

A inflação no Brasil segue acima da meta e se mantém disseminada em diversos itens. O movimento ocorre em um cenário de mercado de trabalho aquecido, que continua surpreendendo, segundo avaliação do presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, feita nesta quarta-feira (9).

Em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, Galípolo reafirmou que todos os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) estão “bastante incomodados” com a desancoragem das expectativas do mercado para a inflação. Diante disso, enfatizou que o BC persegue o centro da meta inflacionária, de 3%.

“Tenho visto que a maior parte das críticas à elevada taxa de juros, de 15%, muitas vezes está associada a uma sugestão, vamos dizer assim, de que não se deveria cumprir a meta”, afirmou a autoridade monetária, de acordo com o Investing.

“Não é uma sugestão. A meta decorre de um decreto. A meta é 3%. A meta não é 3% com 1,5 ponto (de tolerância) para cima e 1,5 ponto para baixo no sentido de que eu posso persegui-la de maneira leniente”, acrescentou.

Decisão do BC e perspectivas para Selic

O BC elevou a Selic (taxa básica de juros) em 0,25 ponto percentual em junho, para 15% ao ano. A instituição já sinalizou que o ciclo de alta deve ser interrompido no próximo encontro de política monetária, no fim deste mês, prevendo a manutenção da taxa nesse patamar por um período prolongado.

Galípolo também argumentou que a inflação brasileira não é pontual, com 72,5% dos itens que compõem o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) permanecendo acima da meta — um cenário classificado como de forte disseminação.

Crescimento econômico e o Agronegócio

O presidente do BC ressaltou ainda que a economia brasileira tem apresentado crescimento robusto, mesmo desconsiderando o desempenho do agronegócio, que deve registrar, ainda em 2025, mais uma safra recorde.