
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou alta de 0,09% no mês de outubro, conforme divulgado na manhã desta terça-feira (11). O dado confirmou as expectativas de desaceleração da inflação e marcou o menor patamar para o mês desde 1998. Com isso, aumentam as expectativas do mercado para futuros cortes na taxa Selic.
Com a inflação mais baixa, analistas avaliam que o BC (Banco Central) deve iniciar a redução dos juros a partir do próximo ano. Para Rodrigo Marques, gestor de fundos e economista-chefe da Nest Asset Management, a tese é reforçada pelo fato de a inflação estar próxima do topo da meta estabelecida pela autarquia.
“Com isso, aumenta a probabilidade de o BC ter condições de iniciar um ciclo de redução dos juros ao longo de 2026, o que tende a gerar um impacto positivo na curva de juros”, afirmou.
Segundo ele, sob a ótica qualitativa, o dado veio em linha com o esperado. “A surpresa positiva ficou por conta da desaceleração nos preços de bens industriais e alimentação no domicílio, que registraram variações abaixo do previsto”, acrescentou.
Análise de especialistas sobre IPCA
Apesar disso, Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, destaca que os serviços intensivos em mão de obra mostraram comportamento mais pressionado.
“No conjunto, o resultado não muda o cenário de curto prazo. A ata do Copom deve ser lida como uma barra um pouco mais baixa para corte em janeiro, e o dado de inflação não altera essa leitura”, avaliou Victal.
Já o economista Maykon Douglas chamou atenção para os serviços sensíveis ao mercado de trabalho. Segundo ele, esse grupo “vem se acelerando desde julho e voltou a registrar alta de 7,0% na métrica MM 3M SAAR, algo que não acontecia desde janeiro”.
As leituras recentes do IPCA indicam melhora na composição dos núcleos, apesar de permanecerem acima da meta. “Os serviços subjacentes são um bom exemplo; o índice registrou o menor nível desde meados do ano passado na métrica MM 3M SAAR”, disse Douglas.
Impacto nos Bens Industrializados
Leonardo Costa, economista do ASA, complementa que “os bens industrializados também voltaram a contribuir para a desaceleração, com taxas mensais mais baixas e mais fracas diante da sazonalidade”.
Por fim, o consenso entre especialistas é de que o BC deve manter postura cautelosa nos próximos meses. A autarquia monitora a moderação do mercado de trabalho e seus impactos sobre itens mais sensíveis à demanda.