Pressiona inflação

IPCA: habitação foi visto como ‘grande vilão’ por especialistas

A inflação de julho, segundo especialistas, indica que a política monetária do Banco Central tem surtido efeito

Ibovespa abre em alta com inflação dos EUA
Ibovespa abre em alta com inflação dos EUA

O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) registrou alta de 0,26% em julho. O principal impacto sobre a inflação do mês veio do grupo Habitação, que avançou 0,91%, impulsionado pela alta de 3,04% na conta de energia elétrica residencial.

“O grande vilão veio do item habitação, com maior pressão em relação à energia elétrica e à bandeira tarifária vermelha. Também houve impacto de despesas pessoais, que incluem reajustes nos jogos de azar e loterias, e isso teve um peso importante”, afirmou Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital.

Já os grandes destaques positivos foram alimentos e vestuário, que surpreenderam e ajudaram a puxar o índice para baixo.

A inflação de julho, segundo especialistas, indica que a política monetária do Banco Central tem surtido efeito. Algumas capitais, inclusive, apresentaram deflação. Contudo, para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, chama a atenção o desempenho de São Paulo, que registrou alta de 0,46% — a maior média entre as capitais.

“O recado que fica é que vai começar a dar ancoragem para o Banco Central poder antecipar a baixa de juros. A previsão é para o início de 2026, mas já começa a abrir espaço para que ocorra ainda em 2025”, disse Eyng.

Além disso, especialistas ouvidos pelo BP Money destacaram que o cenário atual oferece condições para que empresas e investidores tracem estratégias com mais segurança. “A busca por eficiência, liquidez e soluções de crédito permanece como prioridade nos setores estratégicos e, nesse contexto, os FIDCs continuam se destacando como ferramenta capaz de converter ativos em capital de forma estruturada, apoiando projetos de expansão e novos investimentos”, declarou o CEO da Asset Bank, Gustavo Assis.

Tarifaço não precificou IPCA, diz analista

Segundo Bolzan, as tarifas de 50% anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não impactaram o indicador. “Se tivéssemos um impacto, provavelmente os preços dos alimentos seriam menores, já que teríamos uma oferta bem maior aqui devido à pausa das exportações”, avaliou.

Na sua perspectiva, a inflação está gradualmente cedendo. Com isso, a Selic (taxa básica de juros), atualmente em 15%, tem cumprido o papel de reduzir a atividade econômica e, consequentemente, a inflação. “Minha expectativa para o fim do ano é que a inflação esteja em 5%. É ainda acima da meta do Banco Central, mas mostra uma trajetória de queda. Provavelmente, no próximo ano, a inflação ficará mais próxima de 4,5%”, concluiu Bolzan.