Brasil-EUA

PIB do Brasil pode perder até R$ 175 bi com tarifaço

Relatório da Fiemg também avaliou cenário em que o governo brasileiro opte por retaliação com taxa de 50%

Foto: Divulgação/ Agência Brasil
Foto: Divulgação/ Agência Brasil

A imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA pode resultar em perdas de até R$ 175 bilhões no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil ao longo dos próximos 10 anos, diz um estudo da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais).

Além da retração, que causaria um impacto negativo de 1,49% no PIB no longo prazo, as taxas anunciadas pelo presidente Donald Trump têm potencial para eliminar mais 1,3 milhão de postos de trabalho no Brasil, estima a entidade.

Em 9 de julho, Trump enviou uma carta ao presidente Lula (PT) e anunciou tarifas de 50% sobre importações brasileira, com validade para a partir de 1ºde agosto. Caso os líderes não cheguem a um acordo até a data prevista, setores relevantes da economia brasileira terão de buscar novos mercados para escoar seus produtos.

“O agravamento da crise comercial entre o Brasil e EUA representa um risco grave à estabilidade econômica e ao desenvolvimento industrial”, afirmou, em nota, a Fiemg.

Retaliação do governo brasileiro

No estudo, a federação mineira também estimou os impactos de uma possível retaliação brasileira ao tarifaço. Caso o governo do presidente Lula decida impor uma taxa recíproca de 50% aos produtos importados dos EUA, a queda do PIB pode chegar a casa dos R$ 259 bilhões (-2,21%).

Nesse cenário, cerca de 1,9 milhão de empregos seriam impactados em até 10 anos, com uma redução de R$ 36,2 bilhões na massa salarial do país. Enquanto isso, a arrecadação de impostos cairia R$ 7,21 bilhões, de acordo com o estudo.

Em nota, a Fiemg defendeu que o governo brasileiro “atue de forma firme, mas diplomática, na busca por um acordo que evite o início da vigência da tarifa, proteja os empregos e preserve a competitividade das empresas brasileiras”.

“Responder com a mesma moeda pode gerar efeitos inflacionários no Brasil. Por isso, o caminho mais inteligente é a diplomacia”, declarou o presidente da entidade, Flávio Roscoe.

Os EUA são o segundo principal destino dos itens brasileiro, atrás apenas da China. Além disso, representam um mercado estratégico para a venda de bens diversificados e de maior valor agregado, como aviões executivos e eletroeletrônicos.

Só em 2024, foram vendidos US$ 40,4 bilhões em produtos para o mercado norte-americano, cerca de 12% do total exportado pelo Brasil no ano.

Entre os principais produtos exportados para os EUA estão combustíveis, minerais, ferro, aço, máquinas, aeronaves e café.

Mesa de negociação

Em entrevista à rádio CBN, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, afirmou que o governo brasileiro não vai deixar a mesa de negociação com os EUA sobre tarifaço. Além disso, ele também disse que a área econômica já trabalha em um plano de contingência para ajudar os setores afetados pelo eventual tarifaço.

“Vamos continuar lutando para ter a melhor relação possível com o maior mercado consumidor do mundo, vamos lutar por isso. Mas não vamos deixar ao desalento os trabalhadores brasileiros, vamos tomar medidas necessárias”, declarou o ministro Haddad.

Ele voltou a dizer que o país não pretender retaliar empresas e os cidadãos americanos por conta das tarifas do Trump.

“Não podemos pagar na mesma moeda uma coisa que consideramos injustas”, declarou.

O ministro sinalizou, entretanto, a possibilidade de o governo acionar a Lei da Reciprocidade, que foi aprovada pelo Congresso recentemente.

“Todo país do mundo vai se defender de alguma maneira do que está acontecendo. É uma possibilidade. Mas reitero que a orientação do presidente da República é que não vamos sair da mesa da negociação porque o Brasil é um país que se dá bem com todos os países do mundo”, afirmou.